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DISPUTA INTERNA
Veto do Previ à associação com a CSN coincide com alertas contra o empresário que chegaram a FHC
Ex-aliado lidera a oposição a Steinbruch
da Reportagem Local
Na última reunião do Conselho
de Administração da Vale do Rio
Doce em 97, o Previ -fundo de
pensão dos funcionários do Banco
do Brasil- firmou posição a favor
dos bancos Opportunity e Liberal
contra o projeto do empresário
Benjamin Steinbruch de associar a
Vale à CSN, para que, juntas, as
duas empresas comprassem a siderúrgica venezuelana Sidor.
O presidente Fernando Henrique Cardoso já tinha sido "envenenado" pelas fofocas contra
Steinbruch.
Steinbruch alarmou-se com a resistência dos demais conselheiros
ao seu projeto. Procurou explicações e reclamou com um amigo da
associação do Previ com o Opportunity e o representante do megainvestidor George Soros, o Banco Liberal. Eles disputam com
Steinbruch o controle da Vale.
Oficialmente, a quem lhe pergunta sobre as conversas e fofocas
que chegaram aos seus ouvidos
tratando da Vale, o presidente
FHC diz que recebeu as informações apenas como as considera: informações. FHC não nega as conversas. A um assessor que na última terça-feira lhe perguntou sobre
a influência do Previ na derrota do
projeto de Steinbruch de comprar
a Sidor, respondeu: "A Vale é uma
empresa privada. O governo não
tem nada com isso".
A história real é um pouco diferente e nem mesmo alguns amigos
com os quais o presidente se aconselha politicamente acham que o
governo não tem nada com isso.
Na segunda semana de janeiro, o
governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), jantou no Palácio
da Alvorada a sós com o presidente. Externou suas preocupações
com a associação sistemática do
Previ contra Steinbruch e a CSN no
Conselho da Vale.
Amigo de Benjamin Steinbruch e
sobretudo interessado nos quase
R$ 1,5 bilhão que o grupo Vicunha
e a CSN estão investindo em projetos industriais no seu Estado, Tasso não foi ao Palácio só para falar
disso. Conversaram sobre a política nacional e cearense, as reformas
constitucionais e também sobre a
Vale
"Estão fazendo muitas fofocas
sobre o Benjamin. Acho que você
deve observar toda a conjuntura",
recomendou o governador.
Após a conversa, FHC recebeu
informações de outros interlocutores, que recomendaram cautela
na associação do Previ com o Banco Liberal, pois esta instituição representaria os interesses de Soros
no Brasil.
Soros quebrou o Banco da Inglaterra em 90, por meio de uma
aposta contra o poder de fogo financeiro do governo inglês. No
ano passado foi acusado pelo governo malaio de ser um dos responsáveis pela bancarrota financeira da Malásia, ao retirar de vez
suas posições de investimento na
Bolsa de Valores local.
"A falta de clareza das diretrizes
administrativas que o Benjamin
Steinbruch quer impor para a Vale
do Rio Doce gerou uma série de
boatos no mercado. Isso não é
bom para a empresa nem para o
processo de privatização brasileiro. Teme-se, no mercado, que ele
não tenha como honrar a dívida
com o NationsBank, que vencerá
em maio", alerta o consultor financeiro Jouji Kawasaki, da Lafis -
Latin American Financial Information Service.
(LUÍS COSTA PINTO)
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