São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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Steinbruch se diz perseguido

da Reportagem Local

Até abril de 93, quando adquiriu o controle da CSN em um leilão de privatização, Benjamin Steinbruch era conhecido nos meios empresariais apenas como o ex-playboy que herdaria o Grupo Vicunha (gigante do setor têxtil com faturamento de R$ 1,5 bilhão por ano).
Em maio de 97 assumiu a Vale do Rio Doce em outro leilão e tornou-se um dos mais influentes empresários do país. Passou a controlar uma empresa com faturamento de R$ 5 bilhões por ano e patrimônio de R$ 30 bilhões. Segundo o Morgan Stanley Bank a Vale é a 25ª entre as 200 maiores empresas do mundo. Tem 16% do mercado internacional de minério de ferro. É a maior empresa do setor no mundo.
Aos 44 anos, comandando negócios tão díspares como as empresas têxteis do Vicunha, os altos-fornos da CSN e as minas de ferro e ouro da Vale, ele se vê perseguido pelos tradicionais empresários brasileiros.
"Incomodamos muita gente. Sou um fato novo no mercado, e isso é difícil de entender para quem é mais velho: pega um homem de 44 anos e coloca como controlador da Vale do Rio Doce e da CSN... incomoda", define-se.
Também incomodou Brasília. "A gente mexeu com os políticos quando tiramos os cargos que mantinham na CSN e na Vale. Mexemos com a corporação de funcionários quando demitimos quase 4.000. Foram medidas gerenciais fortes, tomadas para enxugar a empresa e fazê-la dar lucros. É o nosso modelo gerencial", diz.
Chama de fofocas o envenenamento que tentam fazer no Palácio do Planalto contra si. Jura que honrará o empréstimo feito no Nations Bank para comprar a ex-estatal. "Era uma dívida de R$ 800 milhões. Em setembro passado lançamos eurobônus e refinanciamos a longo prazo R$ 300 milhões. Agora, é só pegar a folga de caixa de R$ 1,7 bilhão que a CSN tem e ver que temos amplas condições de pagá-lo", diz.
Ele tem pouca afinidade com o mundo brasiliense. "Meu negócio é minimizar efeitos políticos e maximizar lucros", prega. Sabe que seu jeitão de administrar gerou descontentamentos. "Os descontentamentos bateram no gabinete do presidente da República", revela.
Steinbruch considera um erro o Previ ter votado contra o projeto de associação da Vale com a CSN para a compra da venezuelana Sidor. "Foi uma perda irrecuperável para a siderurgia e a mineração brasileiras. Os argentinos compraram a Sidor e isso foi ruim para o nosso mercado", lamenta-se.
Para ele, o fato do Previ tomar o partido dos bancos Opportunity e Liberal não causa preocupação. "As divergências são positivas", diz.
O empresário confia que os boatos acerca da Vale cessarão após a divulgação do balanço da empresa, em fevereiro. "Estamos sendo extremamente rigorosos na confecção deste balanço. A Vale não está alavancada e vai surpreender muita gente com seus números", diz dele.
(LUÍS COSTA PINTO)


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