|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Steinbruch se diz perseguido
da Reportagem Local
Até abril de 93, quando adquiriu o controle da CSN em
um leilão de privatização, Benjamin Steinbruch era conhecido nos meios empresariais
apenas como o ex-playboy que
herdaria o Grupo Vicunha (gigante do setor têxtil com faturamento de R$ 1,5 bilhão por
ano).
Em maio de 97 assumiu a Vale do Rio Doce em outro leilão e
tornou-se um dos mais influentes empresários do país.
Passou a controlar uma empresa com faturamento de R$ 5 bilhões por ano e patrimônio de
R$ 30 bilhões. Segundo o Morgan Stanley Bank a Vale é a 25ª
entre as 200 maiores empresas
do mundo. Tem 16% do mercado internacional de minério
de ferro. É a maior empresa do
setor no mundo.
Aos 44 anos, comandando
negócios tão díspares como as
empresas têxteis do Vicunha,
os altos-fornos da CSN e as minas de ferro e ouro da Vale, ele
se vê perseguido pelos tradicionais empresários brasileiros.
"Incomodamos muita gente.
Sou um fato novo no mercado,
e isso é difícil de entender para
quem é mais velho: pega um
homem de 44 anos e coloca como controlador da Vale do Rio
Doce e da CSN... incomoda",
define-se.
Também incomodou Brasília. "A gente mexeu com os
políticos quando tiramos os
cargos que mantinham na CSN
e na Vale. Mexemos com a corporação de funcionários quando demitimos quase 4.000. Foram medidas gerenciais fortes,
tomadas para enxugar a empresa e fazê-la dar lucros. É o
nosso modelo gerencial", diz.
Chama de fofocas o envenenamento que tentam fazer no
Palácio do Planalto contra si.
Jura que honrará o empréstimo feito no Nations Bank para
comprar a ex-estatal. "Era
uma dívida de R$ 800 milhões.
Em setembro passado lançamos eurobônus e refinanciamos a longo prazo R$ 300 milhões. Agora, é só pegar a folga
de caixa de R$ 1,7 bilhão que a
CSN tem e ver que temos amplas condições de pagá-lo", diz.
Ele tem pouca afinidade com
o mundo brasiliense. "Meu
negócio é minimizar efeitos
políticos e maximizar lucros",
prega. Sabe que seu jeitão de
administrar gerou descontentamentos. "Os descontentamentos bateram no gabinete
do presidente da República",
revela.
Steinbruch considera um erro o Previ ter votado contra o
projeto de associação da Vale
com a CSN para a compra da
venezuelana Sidor. "Foi uma
perda irrecuperável para a siderurgia e a mineração brasileiras. Os argentinos compraram a Sidor e isso foi ruim para
o nosso mercado", lamenta-se.
Para ele, o fato do Previ tomar o partido dos bancos Opportunity e Liberal não causa
preocupação. "As divergências são positivas", diz.
O empresário confia que os
boatos acerca da Vale cessarão
após a divulgação do balanço
da empresa, em fevereiro. "Estamos sendo extremamente rigorosos na confecção deste balanço. A Vale não está alavancada e vai surpreender muita
gente com seus números", diz
dele.
(LUÍS COSTA PINTO)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|