São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Acusado queria "uns trocados para Carnaval"

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preso sob a acusação de participar do furto de equipamentos de informática e informações sigilosas da Petrobras, em Macaé (RJ), Michel Mello da Costa disse em depoimento à PF que praticou o crime, segundo a Folha apurou, com o objetivo de "ganhar uns trocados para o Carnaval".
Os quatro presos foram indiciados pela prática de crime de quadrilha.
Michel Costa afirmou não saber exatamente o que estava furtando.
No inquérito instaurado pela PF consta que o grupo, ao qual a empresa atribuiu a função de verificar a segurança das cargas que recebia, praticou oito furtos entre setembro de 2007 e janeiro de 2008.
A principal razão para as práticas era a facilidade de acesso ao material, relata a PF.
Os depoimentos colhidos pela Polícia Federal durante a última madrugada demonstram que alguns lotes de carga chegavam até sem lacre e que o grupo criminoso se encarregava de lacrá-los para não despertar suspeitas e continuar as práticas ilícitas.

Abin
À Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi encomendado um estudo sobre eventuais fragilidades da Petrobras no tratamento e no transporte de dados sigilosos.
Praticamente todo o material subtraído pelo grupo nos últimos cinco meses foi recuperado pela PF. No que diz respeito aos interesses da Petrobras, ficou constatado que Cristiano Tavares (um dos quatro detidos) vendeu o disco rígido com informações reservadas de interesse estratégico.
Já outro detido, Éder da Costa, diante da repercussão do caso na mídia e do temor dos desdobramentos, destruiu o disco rígido que, na partilha do furto, ficou na fatia que lhe foi atribuída.
A Folha apurou que não foi possível, no momento, saber o conteúdo dos discos rígidos que Éder da Costa destruiu.
E também não foram passadas informações sobre o comprador dos dados contidos no disco rígido vendido por Cristiano Tavares.
No segundo caso, são dados estratégicos que compõem a parte mais importante da continuidade da investigação.
A PF já tem o endereço do suposto comprador. Rastreia, agora, os interesses e se ele sabia o que estava comprando, já que Éder da Costa não revelou tais informações em seu depoimento.
Assim, para os investigadores da PF, ficou claro que o crime não foi encomendado. Mas teve um comprador que pode ter interesses nas informações resultantes da operação do grupo preso ontem.


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