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LIVRE COMÉRCIO
Negociadores tinham até 2ª para apresentar proposta, mas resistência de europeus e asiáticos atrasa cronograma
OMC perde prazo para abertura agrícola
DA REDAÇÃO
Os membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) desistiram de respeitar o cronograma estabelecido para as negociações de abertura do setor agrícola.
Os negociadores tinham até a
próxima segunda-feira para apresentar o esboço, mas a resistência
da UE e do Japão impediu que um
acordo fosse alcançado.
Stuart Harbinson, presidente
do comitê de negociações agrícolas da OMC, admitiu que as conversas fracassaram. Novas propostas deverão ser apresentadas e
debatidas, e serão necessários
"meses" até que um eventual
acordo seja alcançado.
Na proposta apresentada por
Harbinson, veementemente rejeitada por europeus e japoneses,
haveria uma redução de 60% nas
tarifas. Os subsídios a exportações
seriam eliminados num prazo de
nove anos e os demais incentivos
sofreriam um drástico corte.
A proposta seria debatida na
reunião ministerial que ocorrerá
em setembro, em Cancún (México). A União Européia, com o
apoio do Japão, considera a proposta muito ambiciosa e injusta.
O impasse pode significar um
sério risco de que a festejada Rodada Doha, que foi lançada no final de 2001 e prometia chegar a
um projeto de liberalização comercial até o final do próximo
ano, entre em um intransponível
beco sem saída. O nó na questão
do agronegócio ameaça emperrar
todas as conversas sobre redução
de tarifas, subsídios e outras barreiras protecionistas.
A UE só perde para o Japão no
que diz respeito a subsídios aos
produtores rurais. Os incentivos
equivalem a mais de 30% do valor
da produção agrícola (no Japão, o
subsídio é de quase 60%).
Segundo o negociador norte-americano, Allen Johnson, o impasse se deve à "inabilidade da UE
em se envolver e à indisposição do
Japão em se envolver".
Para europeus e japoneses, os
subsídios e barreiras são necessários para proteger pequenos produtores e assegurar a qualidade
dos produtos. Mas, para os grandes produtores agrícolas, como
Brasil e Austrália, as justificativas
não passam de protecionismo,
para evitar a concorrência de importados mais competitivos.
A negociadora da UE, Mary
Minch, argumenta que o bloco está sendo exigido a ceder muito,
sem que receba nada em troca.
"Deveríamos oferecer uma proposta ambiciosa e equilibrada que
faria as reformas avançarem em
todas as áreas", disse Minch.
A divisão política motivada pelo
ataque ao Iraque só azedou as
conversas. Os ministros já admitem que o cronograma acertado
em Doha não será cumprido.
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