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INVESTIMENTO
Conclusão é de estudo
Até 2007, investidor vai preferir México a Brasil
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
O Brasil deve perder para o México a primeira posição na lista
dos países que mais recebem investimentos diretos estrangeiros
na América Latina e a segunda
entre os emergentes, segundo estudo da Economist Intelligence
Unit (EIU, centro de estudos do
mesmo grupo da revista "The
Economist"). As projeções da
EIU indicam que a média desses
investimentos para o Brasil entre
2003 e 2007 deve ficar em US$ 14,9
bilhões por ano, e para o México,
em US$ 16,9 bilhões.
Maior ainda deve ser a distância
em relação à China -país emergente com maior entrada de investimentos diretos no mundo-,
que receberá em média US$ 66,4
bilhões por ano, a partir de 2003,
de acordo com o estudo.
A EIU estima que apenas US$ 12
bilhões em investimento direto
entrarão no Brasil neste ano. A
partir de 2004, os fluxos voltariam
a subir -US$ 14 bilhões no ano
que vem, US$ 16 bilhões a partir
de 2005, e US$ 16,5 bilhões em
2007-, mas ainda ficariam muito abaixo das médias que atingiram no fim da década de 1990, segundo o estudo.
O país ficaria na terceira posição
entre os cinco emergentes que
mais deverão receber investimento direto -China, México, Brasil,
Rússia e Índia.
"Apesar do progresso em liberalização e reformas estruturais,
as grandes necessidades de financiamento externo do Brasil deixam (o país) vulnerável a choques
externos, como ficou evidente
com a volatilidade dos mercados
financeiros em 2002. Enquanto
essa vulnerabilidade persistir, vai
representar um impedimento potencial para companhias que estejam considerando investir no
Brasil", diz o estudo.
Líder na América Latina
Entre 1998 e 2000, o país recebeu
US$ 30 bilhões de investimentos
diretos em média, por ano, muito
acima da média registrada pelos
vizinhos latino-americanos. Entre os emergentes, estava abaixo
apenas da China. Em 2001, entraram US$ 22,6 bilhões em investimentos diretos no Brasil e no ano
passado, US$ 16 bilhões.
Em 2001, os fluxos de investimento direto no mundo caíram
para apenas US$ 745,5 bilhões,
depois de terem atingido US$ 1,36
trilhão no ano anterior.
A tendência continuou em
2002, quando esses investimentos
chegaram a US$ 580 bilhões, mas
a EIU prevê que os fluxos começam a se recuperar neste ano.
Seriam impulsionados por melhor ambiente na área de negócios, processos de integração regional, maior competição e novas
oportunidades em mercados
emergentes.
O centro de estudos reconhece
que parte da queda dos investimentos para o Brasil nos últimos
anos foi resultado do declínio geral dos fluxos de investimentos
diretos no mundo inteiro. No entanto, observa que a crise da Argentina, incertezas em relação às
eleições e a paralisação do programa de privatizações influenciaram essa redução.
Mercado interno
A recuperação dos investimentos no Brasil deve ser puxada pelo
que a EIU diz ser a maior atração
para as empresas, o tamanho do
mercado interno, além da possibilidade de usar o Brasil como
plataforma de exportação para
outros países da América do Sul.
O estudo prevê que a maior parte dos recursos será destinada a
setores como aço, celulose e papel
-em que o país tem abundância
de recursos naturais- e ao setor
automotivo, favorecido pela política governamental.
Em outras áreas, porém, o "custo Brasil" seria um impedimento
para investimentos diretos, segundo o estudo. Já no setor de alimentos, a EIU diz que o país tem
grande potencial, mas observa
que o aumento das exportações
agrícolas depende das negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Os investimentos na área de
energia estariam vinculados a
mudanças regulatórias.
Já os fluxos de investimento direto para o México aumentaram a
partir da implantação do Nafta
(sigla do acordo de livre comércio
de Estados Unidos, Canadá e México), em 1994, segundo a EIU. O
estudo prevê que o crescimento
desses recursos para aquele país a
partir deste ano deve ser impulsionado pelo comércio entre as
indústrias dos três sócios do Nafta
e por maior liberalização em setores elétrico e petroquímico.
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