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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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INVESTIMENTO

Conclusão é de estudo

Até 2007, investidor vai preferir México a Brasil

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

O Brasil deve perder para o México a primeira posição na lista dos países que mais recebem investimentos diretos estrangeiros na América Latina e a segunda entre os emergentes, segundo estudo da Economist Intelligence Unit (EIU, centro de estudos do mesmo grupo da revista "The Economist"). As projeções da EIU indicam que a média desses investimentos para o Brasil entre 2003 e 2007 deve ficar em US$ 14,9 bilhões por ano, e para o México, em US$ 16,9 bilhões.
Maior ainda deve ser a distância em relação à China -país emergente com maior entrada de investimentos diretos no mundo-, que receberá em média US$ 66,4 bilhões por ano, a partir de 2003, de acordo com o estudo.
A EIU estima que apenas US$ 12 bilhões em investimento direto entrarão no Brasil neste ano. A partir de 2004, os fluxos voltariam a subir -US$ 14 bilhões no ano que vem, US$ 16 bilhões a partir de 2005, e US$ 16,5 bilhões em 2007-, mas ainda ficariam muito abaixo das médias que atingiram no fim da década de 1990, segundo o estudo.
O país ficaria na terceira posição entre os cinco emergentes que mais deverão receber investimento direto -China, México, Brasil, Rússia e Índia.
"Apesar do progresso em liberalização e reformas estruturais, as grandes necessidades de financiamento externo do Brasil deixam (o país) vulnerável a choques externos, como ficou evidente com a volatilidade dos mercados financeiros em 2002. Enquanto essa vulnerabilidade persistir, vai representar um impedimento potencial para companhias que estejam considerando investir no Brasil", diz o estudo.

Líder na América Latina
Entre 1998 e 2000, o país recebeu US$ 30 bilhões de investimentos diretos em média, por ano, muito acima da média registrada pelos vizinhos latino-americanos. Entre os emergentes, estava abaixo apenas da China. Em 2001, entraram US$ 22,6 bilhões em investimentos diretos no Brasil e no ano passado, US$ 16 bilhões.
Em 2001, os fluxos de investimento direto no mundo caíram para apenas US$ 745,5 bilhões, depois de terem atingido US$ 1,36 trilhão no ano anterior.
A tendência continuou em 2002, quando esses investimentos chegaram a US$ 580 bilhões, mas a EIU prevê que os fluxos começam a se recuperar neste ano.
Seriam impulsionados por melhor ambiente na área de negócios, processos de integração regional, maior competição e novas oportunidades em mercados emergentes.
O centro de estudos reconhece que parte da queda dos investimentos para o Brasil nos últimos anos foi resultado do declínio geral dos fluxos de investimentos diretos no mundo inteiro. No entanto, observa que a crise da Argentina, incertezas em relação às eleições e a paralisação do programa de privatizações influenciaram essa redução.

Mercado interno
A recuperação dos investimentos no Brasil deve ser puxada pelo que a EIU diz ser a maior atração para as empresas, o tamanho do mercado interno, além da possibilidade de usar o Brasil como plataforma de exportação para outros países da América do Sul.
O estudo prevê que a maior parte dos recursos será destinada a setores como aço, celulose e papel -em que o país tem abundância de recursos naturais- e ao setor automotivo, favorecido pela política governamental.
Em outras áreas, porém, o "custo Brasil" seria um impedimento para investimentos diretos, segundo o estudo. Já no setor de alimentos, a EIU diz que o país tem grande potencial, mas observa que o aumento das exportações agrícolas depende das negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Os investimentos na área de energia estariam vinculados a mudanças regulatórias.
Já os fluxos de investimento direto para o México aumentaram a partir da implantação do Nafta (sigla do acordo de livre comércio de Estados Unidos, Canadá e México), em 1994, segundo a EIU. O estudo prevê que o crescimento desses recursos para aquele país a partir deste ano deve ser impulsionado pelo comércio entre as indústrias dos três sócios do Nafta e por maior liberalização em setores elétrico e petroquímico.


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