São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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PREÇOS

Participação do IGP perde força nas futuras previsões da taxa; política fiscal do governo ganha credibilidade, diz a Fipe

Dólar e gasto público pesam mais na inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os principais componentes das expectativas inflacionárias futuras estão mudando. Diminuem as participações relativas do Índice Geral de Preços e da inflação passada (o chamado IPCA realizado) e entram em cena câmbio e resultado primário do setor público.
É o que mostra estudo do economista Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), tomando como base as expectativas inflacionárias divulgadas semanalmente pelo boletim "Focus" do BC desde 2002.
Os dados de Picchetti mostram que o IGP, que era um dos fortes componentes nas expectativas inflacionárias e um retroalimentador do IPCA, perde força nas formação das novas expectativas futuras inflacionárias.
O estudo mostra, também, que o IPCA realizado (a inflação passada) já não tem tanto peso atualmente como formador das expectativas futuras como tinha antes.
A pressão do IGP é menor porque o índice perdeu um pouco a função de indexador da economia. Já a taxa do IPCA é mais fruto dos choques de oferta do que de demanda, diz Picchetti. Ou seja, a alta de preços, devido à falta de produto, acaba virando redução quando a oferta cresce.
Perdem peso o IGP e a inflação passada e entram na avaliação do mercado o câmbio e as contas públicas. Há dois anos, segundo Picchetti, uma melhora no resultado primário do setor público não gerava expectativas inflacionárias porque não havia confiança na política fiscal. Agora ocorre o contrário, segundo o economista. Um aumento do resultado primário do setor público derruba as expectativas de alta da inflação porque se acredita mais nessa política.
Já a Selic, um dos instrumentos usados pelo governo para frear a inflação, surpreende e não tem influência aparente sobre as expectativas, segundo Picchetti.

Taxa pela metade
O inesperado comportamento dos alimentos nos últimos dias fez a Fipe cortar a estimativa de inflação deste mês pela metade.
Prevista em 0,40%, a inflação de março deve ficar em 0,20% na estimativa da Fipe. Nos últimos 30 dias até 23 deste mês, a inflação foi de 0,24%, com pequena queda em relação à taxa anterior, de 0,26%. A taxa anual deve ficar em 4,5%.


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