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PREÇOS
Participação do IGP perde força nas futuras previsões da taxa; política fiscal do governo ganha credibilidade, diz a Fipe
Dólar e gasto público pesam mais na inflação
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os principais componentes das
expectativas inflacionárias futuras estão mudando. Diminuem as
participações relativas do Índice
Geral de Preços e da inflação passada (o chamado IPCA realizado)
e entram em cena câmbio e resultado primário do setor público.
É o que mostra estudo do economista Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao
Consumidor da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas), tomando como base as expectativas inflacionárias divulgadas semanalmente pelo boletim
"Focus" do BC desde 2002.
Os dados de Picchetti mostram
que o IGP, que era um dos fortes
componentes nas expectativas inflacionárias e um retroalimentador do IPCA, perde força nas formação das novas expectativas futuras inflacionárias.
O estudo mostra, também, que
o IPCA realizado (a inflação passada) já não tem tanto peso atualmente como formador das expectativas futuras como tinha antes.
A pressão do IGP é menor porque o índice perdeu um pouco a
função de indexador da economia. Já a taxa do IPCA é mais fruto dos choques de oferta do que
de demanda, diz Picchetti. Ou seja, a alta de preços, devido à falta
de produto, acaba virando redução quando a oferta cresce.
Perdem peso o IGP e a inflação
passada e entram na avaliação do
mercado o câmbio e as contas públicas. Há dois anos, segundo Picchetti, uma melhora no resultado
primário do setor público não gerava expectativas inflacionárias
porque não havia confiança na
política fiscal. Agora ocorre o
contrário, segundo o economista.
Um aumento do resultado primário do setor público derruba as
expectativas de alta da inflação
porque se acredita mais nessa política.
Já a Selic, um dos instrumentos
usados pelo governo para frear a
inflação, surpreende e não tem influência aparente sobre as expectativas, segundo Picchetti.
Taxa pela metade
O inesperado comportamento
dos alimentos nos últimos dias fez
a Fipe cortar a estimativa de inflação deste mês pela metade.
Prevista em 0,40%, a inflação de
março deve ficar em 0,20% na estimativa da Fipe. Nos últimos 30
dias até 23 deste mês, a inflação foi
de 0,24%, com pequena queda em
relação à taxa anterior, de 0,26%.
A taxa anual deve ficar em 4,5%.
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