São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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CRISE NO CAMPO

Rodrigues comemora indicação de Mantega para Fazenda e prevê que medidas comecem a ser liberadas

Pacote agrícola deve sair em até 15 dias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nomeação de Guido Mantega para o comando do Ministério da Fazenda deixou animados ministros que andam com pires na mão dentro do governo em busca de recursos para resolver problemas das suas pastas. Um deles é o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que depois do surto de febre aftosa tenta liberar dinheiro para evitar "colapso" no campo.
Rodrigues, que diz ter "ótima" relação com Mantega, previu que, em 15 dias, parte das propostas que estão incluídas num pacote já apelidado de "MP do Bem Agrícola", poderá ser definida. Entre as medidas que deverão ser anunciadas estão uma solução para pagamento de dívidas dos agricultores em atraso e a liberação de R$ 2 bilhões para financiar a comercialização da safra deste ano.
As outras propostas em discussão, que tratam de questões estruturais como reforma de estradas e redução da carga de impostos como PIS e Cofins para o setor, ainda dependem de mais debate na área econômica.
Já as dívidas referentes ao custeio da safra passada são um problema imediato. Elas venceram no ano passado e a quitação foi prorrogada para para março e abril deste ano. Com a crise no setor, os produtores alegam que não têm dinheiro e que a nova prorrogação por 60 dias, já anunciada, é insuficiente.
Segundo Rodrigues, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo se deram conta que "há uma crise na agricultura". O setor, diz, perdeu R$ 30 bilhões de renda nos últimos dois anos, com repercussão no pagamento das dívida dos agricultores e também na indústria e no setor de serviços de Estados agrícolas.
"Hoje, especialistas afirmam que área plantada vai cair 10 milhões de hectares, 20% do total, em dois ou três anos", disse o ministro, ressaltando que poderá haver aumento no preço de importantes commodities e, no médio prazo, poderá gerar necessidade de importação de alimentos. "Com isso, a agricultura, que foi importante para o controle da inflação, poderá pressionar o índice de preços", argumentou.
Em linha com Rodrigues, o novo ministro da Fazenda demonstrou, durante entrevista ontem, preocupação com o setor. "Tem que dar atenção especial aos problemas agrícolas", defendeu.


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