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ECONOMIA GLOBAL
Taxa vai a 4,75% ao ano, e BC dos EUA sugere que altas adicionais podem ser necessárias para conter a inflação
Fed eleva juros e indica novos aumentos
VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"
O Fed (Federal Reserve, o banco
central dos EUA) aumentou ontem sua taxa básica de juros em
um quarto de ponto percentual,
para 4,75%, e indicou que pode
haver necessidade de novos aumentos para evitar a inflação.
Em sua primeira atuação sobre
os juros sob a presidência de Ben
Bernanke, que substituiu Alan
Greenspan, o Fed indicou que por
enquanto seguirá as opiniões de
Greenspan sobre inflação e política monetária.
Foi o 15º aumento na campanha
de quase dois anos do banco para
endurecer a política monetária,
que começou em junho de 2004,
quando os juros estavam em 1%.
As ações e os títulos do Tesouro
americano se recuperaram depois
da decisão do Fed, e o dólar subiu
ante o euro. Na tarde de ontem, o
rendimento dos papéis do Tesouro com vencimento em dez anos
havia subido para 4,77%, ante
4,70% na segunda-feira.
A decisão é negativa para o Brasil, porque torna os títulos dos
EUA, considerados os mais seguros, mais atraentes. Com isso, investidores podem tirar dinheiro
de países emergentes para investir
nos Estados Unidos.
Em seu comunicado, o Fed repetiu a frase: "Um certo endurecimento adicional da política pode
ser necessário para manter aproximadamente em equilíbrio os
riscos da conquista do crescimento econômico sustentável e da estabilidade de preços".
A declaração do Fed também
enfatizou que o crescimento retomou o ritmo depois de desacelerar no quarto trimestre e que os
diretores do órgão continuam
preocupados com a inflação.
"O crescimento econômico teve
uma forte recuperação neste trimestre, mas parece provável que
assumirá um ritmo mais moderado e sustentável", segundo o comunicado.
"Até agora, o aumento dos preços da energia e de outras matérias-primas parece ter tido apenas
um efeito modesto sobre o núcleo
da inflação, os atuais ganhos de
produtividade ajudaram a conter
o crescimento dos custos unitários do trabalho e as expectativas
para a inflação permanecem contidas. Ainda assim, possíveis aumentos na utilização de recursos,
em combinação com os elevados
preços da energia e de outras matérias-primas, têm o potencial de
aumentar as pressões inflacionárias", disse o comunicado.
Mais altas
A maioria dos economistas leu a
declaração de cinco parágrafos
como um sinal de que o Federal
Reserve vai aumentar a taxa para
5% em sua próxima reunião, em
maio, e alguns disseram que o Fed
pode ir ainda mais longe nos meses seguintes.
Alguns analistas sugeriram que
o Fed poderá chegar a 5,5% antes
de parar, porque está preocupado
com o aumento dos preços das
matérias-primas e dos salários.
Além disso, dizem esses especialistas, Bernanke ainda precisa
assegurar Wall Street de que, como Greenspan, seu principal enfoque como presidente do banco
central será o combate à inflação.
Em fevereiro, o índice de preços
ao consumidor subiu 3,6% em relação a fevereiro de 2005, contra
4% em janeiro, e o "núcleo" da inflação, que não inclui energia e
alimentação, aumentou 2,1%.
Alguns economistas não têm
tanta certeza de que o Fed precisa
ir muito além, ao notar que os salários, embora tenham aumentado, estiveram de modo geral estagnados, especialmente se comparados com o aumento dos custos de energia, alimentação e outros produtos e serviços.
Eles também temem que, embora a economia esteja crescendo
num ritmo ágil agora, corra o perigo de uma desaceleração significativa no segundo semestre, por
causa do enfraquecimento das
vendas de moradias e do aumento
das taxas de juros.
Enquanto o Fed aumentou as
taxas de curto prazo, as taxas de
juros de prazo longo permaneceram baixas, o que achatou a curva
de rentabilidade, que é a margem
entre as curvas de rendimento de
curto e de longo prazo.
O título do Tesouro para dez
anos, por exemplo, tinha uma
rentabilidade de 4,774% ontem à
tarde, pouco depois da decisão do
Fed, ligeiramente menor que a do
título para dois anos, de 4,782%.
Os especialistas têm diversas
teorias sobre essa curva. Alguns
dizem que o achatamento é reflexo das grandes aquisições de títulos de longo prazo do Tesouro dos
EUA. Outros dizem que a curva
achatada, que às vezes se inverte,
como fez ontem à tarde, é sinal de
que há probabilidade de recessão.
Tradução de Luiz Roberto
Mendes Gonçalves
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