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POLÍTICA MONETÁRIA
Diretor da instituição afirma que o compulsório só voltará a cair se crédito ficar mais barato
BC pressiona bancos para cortar juros
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
VIVALDO DE SOUSA
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
O Banco Central só voltará a reduzir o compulsório sobre os depósitos à vista caso os bancos repassem esse benefício a seus
clientes na forma de juros mais
baixos.
"O compulsório só continuará
caindo se o benefício se refletir
em redução da taxa final de juros", disse à Folha o diretor de
Política Monetária do BC, Luiz
Fernando Figueiredo.
Hoje, de cada R$ 1.000 depositados em seus caixas, os bancos
são obrigados a recolher ao Banco Central R$ 550,00. O dinheiro
fica parado no BC, sem nenhum
rendimento.
Ou seja, de R$ 1.000 depositados, a instituição financeira fica
apenas com R$ 450,00 para aplicar e, com isso, lucrar com o dinheiro de seu cliente.
O depósito compulsório, que
hoje está em 55%, já foi de 65%
até março. O recolhimento é semanal. Sua cobrança, segundo os
bancos, é um dos principais motivos do elevado custo de empréstimos bancários hoje.
Figueiredo disse que a redução
do compulsório sobre depósitos
à vista tem um objetivo claro: diminuir os juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas. Se o compulsório for reduzido e isso não
gerar queda dos juros finais,
quem lucra são apenas os bancos,
afirmou.
Na avaliação do BC, os juros cobrados pelos bancos nas operações de crédito ainda estão elevados. No ano passado, o governo
adotou uma série de medidas para tentar reduzir os juros dos empréstimos bancários, mas a queda não foi grande.
Em dezembro de 99, por exemplo, os juros médios cobrados
nos financiamentos para pessoas
físicas estavam em 89,4% ao ano.
Em março último, essa taxa ficou
em 78,3%. No mesmo período, os
juros do cheque especial subiram
de 138,8% para 144,8% ao ano.
Figueiredo disse que a última
redução do compulsório, que entrou integralmente em vigor em
abril, já repercutiu parcialmente
nas taxas cobradas pelos bancos
em março, as menores desde junho de 94, conforme levantamento feito pelo BC.
A posição do BC, segundo o diretor, já foi manifestada aos bancos. Figueiredo disse ainda que
outro item importante na redução do compulsório é seu impacto sobre o crescimento econômico. Afinal, a medida libera recursos que os bancos poderão destinar a empréstimos.
Esse crescimento, segundo ele,
tem de ser compatível com as metas de inflação fixadas pelo governo para este ano -que deve ficar
entre 4% e 8%. A previsão do BC
é que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ficará próximo de 4% neste ano.
Quanto à taxa de juros básica
do BC, Figueiredo disse que a intenção é continuar com a política
de redução gradual até o final do
ano. A taxa está em 18,5% ao ano.
Na última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
não houve redução.
Otimista, Figueiredo disse que
os investimentos estrangeiros no
setor produtivo, que já superaram US$ 7 bilhões neste ano, serão suficientes para cobrir o déficit nas contas externas brasileiras.
Ele também afirma que as vendas
externas vão melhorar.
O aumento das exportações de
produtos manufaturados, segundo ele, está sendo lento porque o
país está conquistando mercados
novos. Figueiredo disse que o
crescimento das exportações é
maior nas empresas estrangeiras
do que nas empresas nacionais.
A participação das empresas estrangeiras nas exportações mostra, segundo ele, que o ingresso
de recursos externos ajuda a consolidar a estabilização da economia brasileira.
""Os investimentos diretos não
são uma bomba-relógio", afirmou o diretor.
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