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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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EUFORIA

Com declarações de Meirelles e rolagem de títulos, moeda perde 1,56% e fecha cotada a R$ 2,962; risco também recua

Dólar cai abaixo de R$ 3 pela 1ª vez sob Lula

Editoria de Arte/Folha Imagem


GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar fechou ontem em baixa de 1,56%, cotado a R$ 2,962 -o menor valor desde 8 de agosto de 2002 e a primeira vez desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que encerra um dia abaixo de R$ 3,00.
O risco-país fechou em queda de 1,72%, aos 856 pontos.
A queda do dólar foi atribuída a declarações feitas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e ao sucesso da operação de rolagem de parte da dívida cambial do país.
Rumores de que o Banco Central poderia anunciar hoje a primeira emissão de títulos da dívida no exterior desde o início do governo Lula também contribuíram para a valorização do real.
Em Washington, Meirelles declarou que "ainda" há "muito" espaço para o real se apreciar.
Nas últimas semanas, a afirmação de que a atual cotação do dólar poderia atrapalhar as contas externas brasileiras fez alguns investidores acreditarem que o BC interferiria no câmbio. "Muitos já achavam remota a possibilidade de intervenção, mas a declaração veio como uma "pá de cal" nessa expectativa", disse Fábio Fender, gerente de câmbio da corretora Liquidez.
Ontem o Banco Central renovou 62,6% do total de US$ 1,5 bilhão em dívida atrelada ao câmbio que vence no dia 7 de maio. Todos os papéis ofertados foram vendidos.
Outros fatos ajudaram a consolidar a queda do dólar. Entre eles a divulgação do saldo da balança comercial na semana passada e o anúncio de que a inflação medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe nos últimos 30 dias, até 22 de abril, caiu para 0,71%.
"Todos esses fatos deram continuidade à euforia dos últimos dias", disse Fender. "É o "efeito manada", que pode até estar sendo exagerado. Mas o mercado também exagerou, só que na direção contrária, quando o dólar começou a subir no ano passado."
Nos últimos meses, o BC já tem atuado de maneira discreta para retirar dólares de circulação do mercado. Isso é feito nos chamados leilões de linha externa. Nesses leilões, o BC vende dólares e os recompra após determinado período de tempo.
Nos momentos de alta do dólar, o BC costuma optar por não recomprar os dólares, o que aumenta a oferta da moeda no mercado. Em março, ao contrário, o BC recomprou US$ 327 milhões. Ontem, foi anunciada a decisão de também recomprar outros US$ 429 milhões que vencem no próximo dia 5.


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