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Meirelles vê espaço para câmbio cair mais
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, afirmou ontem que ainda há espaço para o
real se apreciar ante o dólar.
""Muitas pessoas e setores da economia estão preocupados com o
fato de que o real está se fortalecendo muito. A essas pessoas, eu
digo: descansem, não se preocupem. Ainda há muito espaço para
a moeda se apreciar."
Segundo Meirelles, em relação à
evolução das cotações de uma
cesta de 15 moedas nos últimos 14
anos, o valor do real diante do dólar poderia ser hoje de R$ 2,24.
Por essa comparação, diz o presidente do BC, ""o real ainda está depreciado"".
Ontem, pela primeira vez desde
agosto de 2002, o dólar fechou
abaixo dos R$ 3,00, a R$ 2,962.
Meirelles descartou qualquer
hipótese de intervenções no câmbio para controlar as cotações do
dólar. Afirmou também que a
atual trajetória das cotações é
""compatível"" com as projeções
do Banco Central de um superávit
comercial em 2003 na faixa de
US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões".
Segundo Meirelles, a única meta
perseguida pelo BC é a de inflação. ""E ainda é prematuro declarar vitória contra o aumento de
preços. Mesmo neste momento
de otimismo, vamos manter a serenidade e a determinação."
Segundo ele, a possibilidade de
uma redução nos preços da gasolina seria ""um fator importante"
para a queda da inflação.
Meirelles esteve em Washington para participar do fórum
""Crise e oportunidade para a
América Latina", promovido pelo
Conselho das Américas, no Departamento de Estado norte-americano.
Durante uma exposição de 20
minutos a empresários, banqueiros e funcionários do governo dos
EUA, o presidente do BC defendeu várias vezes o ajuste fiscal
brasileiro e disse que a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto) deve fechar o
mês de abril em 53% -contra os
56,6% de fevereiro e o pico de
62,5% de setembro de 2002.
O presidente do BC disse ainda
que deve viajar ao Canadá nos
próximos dias para estudar o modelo de BC autônomo do país.
Embora a decisão sobre como a
autonomia vai funcionar dependa do Congresso, Meirelles defendeu que a área de inspeção bancária permaneça no BC.
Durante o mesmo encontro no
Departamento de Estado, o secretário do Tesouro norte-americano, John Snow, voltou a elogiar o
Brasil, mas também cobrou do
país mais "flexibilidade" na economia.
"Em tempos de crise, a economia norte-americana reage mais
rapidamente pelo fato de ser muito mais flexível", afirmou.
Snow revelou aos presentes, durante almoço fechado, detalhes da
conversa que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quando visitou o Brasil há poucos
dias.
"Ele me disse que, se fosse ouvir
os economistas, não iria a lugar
nenhum. Desistiria", disse Snow.
"Comentei que a economia é a
"ciência da decepção". Lula pegou
uma caneta e anotou a frase."
O secretário do Tesouro dos
EUA elogiou a "liderança" de Lula "tanto na economia quanto na
política". "É impossível não gostar dele", disse.
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