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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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Real forte diminui vendas de café

CÍNTIA CARDOSO
ALESSANDRA MILANEZ

DA REPORTAGEM LOCAL

À espera da melhora dos preços no mercado internacional e da estabilização do câmbio, os produtores de café brasileiro têm adiado o fechamento de novos contratos.
Levantamento feito pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) para a Folha mostra que o volume de contratos para o café arábica, principal tipo de café exportado, está em queda. Entre 1º de abril e 25 de abril deste ano, o número de contratos caiu 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, foram negociados 34.166 contratos.
"Entre outubro e dezembro do ano passado, o Brasil conseguiu realizar um bom volume de contratos, o que se reflete no aumento dos embarques nos primeiros três meses deste ano. Mas o ritmo das novas vendas está lento. Os produtores estão cautelosos", avalia Guilherme Braga, presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores do Café Verde do Brasil).
Braga também afirma que com um real mais forte o setor perde competitividade. Apesar de o ritmo dos embarques de café brasileiro ter aumentado 20% neste trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, o volume total das exportações neste ano deve ser 10% menor e ficar em 25 milhões de sacas.
Lauro Kfoury Marino, da consultoria FNP, também diz que os preços baixos no mercado internacional tornam o mercado mais lento. O preço do café no mercado internacional, diz, caiu em um ritmo mais rápido do que o preço do café brasileiro. Por isso, alguns grandes produtores preferem esperar preços melhores para liberar a venda de estoques.
O mercado também espera o anúncio do plano do governo federal de ajuda aos cafeicultores, prometido para esta semana.
"Os produtores estão esperando a consolidação do patamar do câmbio e a confirmação da quebra da safra, que deve elevar a cotação do produto", afirma Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
Segundo analistas, os preços baixos internacionais do café no ano passado inibiram investimentos no setor neste ano, o que deve ser o principal fator para a quebra da safra. São estimadas 27 milhões de sacas, contra 48 milhões da safra passada.

Outros setores
No entanto, segundo especialistas em comércio exterior, os cafeicultores vivem uma situação à parte. "Os produtores de café podem se dar ao luxo de segurar o produto, já que enfrentam uma concorrência pequena no mercado internacional. Para outros setores, a época não é de especulação. Quem especula fica fora do mercado", afirmou Benedito de Almeida, da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior).


Colaborou Maeli Prado, da Reportagem Local


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