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DÍVIDA
Captação internacional será a 1ª do governo Lula
BC anuncia emissão no exterior e diz que usará "cláusula do calote"
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou ontem que fará uma nova emissão
de títulos no exterior para obtenção de empréstimos e que os papéis já contarão com "cláusulas
de calote". O BC contratou os
bancos Merrill Lynch e UBS para
coordenar a operação, mas não
deu maiores detalhes.
Segundo a Folha apurou, a captação deve ser concluída hoje, entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão, pelo prazo de três anos e
meio e taxa de retorno para o investidor por volta de 11% ao ano.
Será a primeira emissão de papéis
na gestão Lula, quebrando um jejum de um ano sem que o governo tomasse empréstimos privados no mercado internacional.
A expectativa de que o BC fechasse a operação ontem contribuiu para a queda do dólar, que
encerrou o dia cotado a R$ 2,962.
O risco-país (juros cobrados sobre os papéis da dívida externa
brasileira acima da taxa dos títulos do Tesouro americano) também recuou.
As "cláusulas de calote" -ou
CACs (Cláusulas de Ação Coletiva)- permitem que países renegociem suas dívidas externas contando com a aprovação de um
parcela dos credores -85% no
caso brasileiro, segundo o BC.
Pelas regras existentes hoje na
maior parte das praças financeiras do mundo, um único credor
pode impedir (ou dificultar) toda
uma reestruturação de dívida.
O mecanismo já é adotado há
alguns anos no mercado de Londres por vários países, inclusive
Brasil. O que o BC fez ontem foi
estender o emprego das cláusulas
também para Nova York. Os investidores de Wall Street sempre
foram avessos ao mecanismo, por
acreditar que facilitaria o calote
para os países devedores.
Os governos, por sua vez, rejeitavam o instrumento por temer
que os investidores cobrassem juros maiores para compensar o suposto risco mais alto de reestruturação das dívidas.
"Em relação à adoção de cláusulas de ação coletiva, o Brasil vem
adotando uma abordagem gradualista", disse o diretor de Assuntos Internacionais do BC,
Beny Parnes, por meio de nota.
Por pressão do Tesouro americano, o México foi primeiro país a
quebrar a resistência dos investidores de Wall Street. Em janeiro
deste ano, o país lançou títulos no
mercado com as cláusulas.
Desde que o risco-país se aproximou de 1.000 pontos, o mercado financeiro começou a especular que o governo deveria voltar
ao mercado internacional. A última emissão tinha ocorrido em
abril do ano passado, quando o
governo captou US$ 1 bilhão.
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