|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BONS COMPANHEIROS
Cancelamento atingiria 95% do débito
Lula se compromete com perdão da dívida da Bolívia com o país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva se comprometeu com o
seu colega boliviano, Gonzalo
Sánchez de Lozada, a cancelar
95% (cerca de US$ 51 milhões) da
dívida do país com o Brasil, que
soma US$ 54 milhões. O perdão
terá de ser aprovado pelo Senado.
Lozada, que se reuniu ontem
com Lula, em Brasília, volta para
o seu país não apenas menos endividado.
O Brasil deve emprestar para o
seu vizinho até US$ 600 milhões,
via BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), para obras de infra-estrutura que promovam projetos de
integração.
Em entrevista coletiva, o presidente boliviano afirmou que "ainda é preciso negociar as condições
do empréstimos". Condições que
deverão levar em conta "as necessidades bolivianas", segundo o
comunicado conjunto assinado
pelos dois presidentes.
A generosidade brasileira com o
vizinho, cujo PIB (Produto Interno Bruto) soma cerca de US$ 8 bilhões, também se estenderá ao comércio.
O documento assinado ontem
prevê um avanço nas negociações
de abertura de mercado, "em especial no que tange aos benefícios
que poderão advir para as exportações bolivianas".
A boa vontade brasileira com a
Bolívia faz parte do projeto brasileiro de se consolidar como líder
sul-americano. O PIB brasileiro é
cerca de 70 vezes maior.
Lozada não é o único presidente
sul-americano que conta com a
generosidade brasileira. Na semana passada, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, deixou o Brasil com US$ 1 bilhão em empréstimos do BNDES.
"Para nós, a integração da América do Sul não é algo apenas sentimental. É uma política que queremos levar a sério", disse Lula,
no seu discurso, após o encontro
com seu par boliviano.
Contrapartida
Lula conseguiu um apoio explícito da Bolívia para as pretensões
brasileiras de se tornar membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização
das Nações Unidas).
A Bolívia é o terceiro país a dar
apoio. Na semana passada Chávez disse que a Venezuela se sentiria representado pelo Brasil no
conselho. A França também já se
posicionou favoravelmente ao
pleito brasileiro.
"Quero agradecer esse gesto e
dizer que se o Brasil for indicado
[ao CS], não irá envergonhar nenhum país da América do Sul",
disse Lula, após Lozada aceitar
apoiar o projeto brasileiro.
(ANDRÉ SOLIANI E FÁBIO ZANINI)
Texto Anterior: Tipo de contrato foi "sugestão" do Tesouro dos EUA Próximo Texto: Para presidente boliviano, preço do gás não cai Índice
|