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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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BONS COMPANHEIROS

Cancelamento atingiria 95% do débito

Lula se compromete com perdão da dívida da Bolívia com o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com o seu colega boliviano, Gonzalo Sánchez de Lozada, a cancelar 95% (cerca de US$ 51 milhões) da dívida do país com o Brasil, que soma US$ 54 milhões. O perdão terá de ser aprovado pelo Senado.
Lozada, que se reuniu ontem com Lula, em Brasília, volta para o seu país não apenas menos endividado.
O Brasil deve emprestar para o seu vizinho até US$ 600 milhões, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para obras de infra-estrutura que promovam projetos de integração.
Em entrevista coletiva, o presidente boliviano afirmou que "ainda é preciso negociar as condições do empréstimos". Condições que deverão levar em conta "as necessidades bolivianas", segundo o comunicado conjunto assinado pelos dois presidentes.
A generosidade brasileira com o vizinho, cujo PIB (Produto Interno Bruto) soma cerca de US$ 8 bilhões, também se estenderá ao comércio.
O documento assinado ontem prevê um avanço nas negociações de abertura de mercado, "em especial no que tange aos benefícios que poderão advir para as exportações bolivianas".
A boa vontade brasileira com a Bolívia faz parte do projeto brasileiro de se consolidar como líder sul-americano. O PIB brasileiro é cerca de 70 vezes maior.
Lozada não é o único presidente sul-americano que conta com a generosidade brasileira. Na semana passada, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, deixou o Brasil com US$ 1 bilhão em empréstimos do BNDES.
"Para nós, a integração da América do Sul não é algo apenas sentimental. É uma política que queremos levar a sério", disse Lula, no seu discurso, após o encontro com seu par boliviano.

Contrapartida
Lula conseguiu um apoio explícito da Bolívia para as pretensões brasileiras de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
A Bolívia é o terceiro país a dar apoio. Na semana passada Chávez disse que a Venezuela se sentiria representado pelo Brasil no conselho. A França também já se posicionou favoravelmente ao pleito brasileiro.
"Quero agradecer esse gesto e dizer que se o Brasil for indicado [ao CS], não irá envergonhar nenhum país da América do Sul", disse Lula, após Lozada aceitar apoiar o projeto brasileiro.
(ANDRÉ SOLIANI E FÁBIO ZANINI)


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