São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Fatores externos pressionam o câmbio e derrubam a Bovespa; risco-país sobe 6,7%, para 672 pontos

Dólar sobe para o maior valor em dois meses

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado brasileiro sucumbiu a uma combinação de fatores negativos. A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 3,95%. O dólar subiu para seu maior valor em dois meses. O risco-país teve a segunda maior alta do ano (6,7%) e voltou ao nível de outubro de 2003.
À expectativa renovada de que os juros serão elevados em breve nos EUA, somou-se as declarações do primeiro-ministro da China de que adotará medidas para frear o superaquecimento da economia do país.
Em Nova York, alguns fatores levaram mau humor aos investidores, como o anúncio de republicação de balanços pela Nortel e o abandono da proposta de compra da Disney pela Comcast. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York encerrou com queda de 1,29%. Já a Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,12%.
Investidores também venderam maciçamente títulos de países emergentes. O movimento fez o risco-país do Brasil fechar a 672 pontos. O risco do México subiu 9,5%, o da Rússia, 6,1% e o turco, 5,4%. O Embi+, média do risco de 19 emergentes, subiu 5%.
Os investidores começaram nas últimas semanas a vender papéis da dívida de emergentes para comprar títulos dos EUA, movidos pela expectativa de que os juros subirão no país antes do esperado. Há também o temor de novos atentados terroristas.
Para completar, hoje será conhecida a primeira estimativa do do PIB americano no 1º trimestre. Dados que mostrem a economia mais aquecida que o previsto podem aumentar a expectativa de alta de juros no país em breve.
O dólar subiu 1,1%, a R$ 2,95. Na Bovespa, apenas a ação PN da Embratel subiu (0,55%) dentre as 54 mais negociadas. Com a queda, a Bovespa foi aos 20.473 pontos, sua menor pontuação no ano.
"O Fed fez uma encenação muito cautelosa para sacudir a árvore e fazer o mercado abandonar uma série de posições, especialmente as muito alavancadas, como os derivativos", disse Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes do banco Goldman Sachs, em Nova York.
Para Leme, muitos investidores estão se desfazendo de suas posições de contratos de "swaps" de títulos de emergentes. Para cobrir as posições, os investidores que estão na outra ponta do contrato precisam vender os títulos.


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