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Secretaria de Direito Econômico
amplia investigação sobre cartel
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, disse à
Folha que a venda da Embratel
para a Telmex não encerra as investigações do órgão sobre formação de cartel pelas três gigantes
de telefonia do país -Brasil Telecom, Telefônica e Telemar.
O objeto da investigação será
ampliado, segundo ele. Incluirá,
além de telefonia, transmissão de
dados e o mercado de internet.
"Essa investigação é muito mais
ampla", disse, numa comparação
com uma averiguação já existente. "Não é só para apurar quem
comprou quem. A SDE acha que
há indícios suficientes para instaurar o equivalente a um inquérito sobre prática de cartel."
Preços combinados
A nova averiguação foi instaurada a partir de uma denúncia enviada pela Embratel em março.
De acordo com a empresa, as
três operadoras combinam práticas nos mercados de telefonia local, longa distância nacional e internacional. Ainda de acordo com
a denúncia, elas estabelecem
acordos com o objetivo de não
competir e adotam tarifas que
não são competitivas fora de suas
áreas.
A Embratel diz que as três teles
dividem mercado nas licitações
públicas e no mercado de comunicação de dados. Elas também
são acusadas de fazer acordo para
evitar concorrência nos serviços
de acesso rápido à internet:
Speedy (Telefônica), Velox (Telemar) e Turbo (Brasil Telecom)
Em 30 de janeiro, a SDE instaurou uma averiguação sobre as três
operadoras depois de receber denúncias da Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores em
Telecomunicações) e da Telcomp
(Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas) de que elas
tinham formado um cartel para
tentar comprar a Embratel.
Golberg disse que alguns documentos revelados pela Folha no
último domingo, os quais serão
anexados à investigação, são indícios de práticas que visam reduzir
a concorrência.
"Nos impressionou o acordo
entre as operadoras para não
comprar a Intelig", exemplifica.
Esse documento foi assinado
em 10 de dezembro do ano passado pelos presidentes da Telefônica, da Telemar e da Brasil Telecom. Ele estabelece que as três
operadoras "se comprometem e
se obrigam a não adquirir, a qualquer título", a Intelig enquanto
estiverem discutindo a compra da
Embratel.
Outro documento que sugere a
prática de cartel é uma projeção
apreendida pela polícia na mesa
do vice-presidente da Telefônica,
Eduardo Navarro. Ele prevê que
"a união das empresas" para
comprar a Embratel permitirá alinhar "tarifas pelo teto".
Como a polícia não tem todos
os especialistas necessários para
investigar o crime de formação de
cartel, a SDE enviou uma equipe
de técnicos a São Paulo. Eles estão
analisando os documentos
apreendidos na presidência e vice-presidência da Telefônica.
Senado
Por causa dos documentos
apreendidos, a Comissão de Educação e Cultura do Senado deve
ouvir o presidente da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), Pedro Ziller, o presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
João Grandino Rodas, e o secretário da SDE.
Outro lado
Em nota, a Telefônica disse que
é "natural a decisão" da SDE e
reafirma que apresentará todos os
esclarecimentos quando for requisitada. A Telemar não quis se
pronunciar sobre a decisão da
SDE. A Brasil Telecom disse que
aguarda ser informada do teor da
averiguação e que vai colaborar
fornecendo todas as informações
necessárias.
Colaborou Julianna Sofia,
da Sucursal de Brasília
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