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QUEIXA
Acionista minoritário da Embratel, banco questiona venda à Telmex
BNDES sai perdendo, diz Lessa
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, disse ontem que, com
a venda da Embratel para a Telmex, o banco estatal receberá
menos dinheiro.
"Eu sou acionista minoritário
[da Embratel]. Como minoritário eu vou receber pelas minhas
ações menos do que receberia se
o Calais [consórcio do qual fazem parte as teles fixas Telefônica, Telemar e Brasil Telecom] tivesse ganho", disse.
Ele afirmou que espera da
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários, órgão que fiscaliza
o mercado financeiro) uma resposta sobre o fato de a venda da
Embratel ter sido feita pelo menor valor oferecido.
"Para mim, é muito difícil entender uma preferência por
uma proposta que paga menos
em relação a uma proposta que
paga mais. Agora, eles [MCI,
controladora da Embratel] devem ter suas altas razões para
tomar essa decisão. Eu não tenho nem por que questionar isso", disse.
Lessa informou ainda que o
departamento jurídico do banco está estudando o que fazer
em relação a uma "pendência"
da Claro, operadora de celular
que pertence à América Móvil,
empresa de Carlos Slim, dono
da Telmex. A "pendência" seria
uma dívida de aproximadamente US$ 358 milhões.
Ele explicou que o BNDES investiu, durante a privatização
do setor, em ações preferenciais
(sem direito a voto) da Americel
(operadora da banda B em Brasília) e da Telet (operadora de
banda B no Rio Grande do Sul).
Hoje essas empresas fazem parte da Claro.
O BNDES alega que suas ações
preferenciais nessas operadoras
também tinham de ter sido
compradas pela Claro, quando
o grupo mexicano adquiriu as
operadoras de celular. "Essas
ações, pelas regras do passado,
deveriam ter sido adquiridas
quando foram adquiridas as ordinárias [com direito a voto] da
Telet e da Americel. E na ocasião
não foram", disse.
Concorrência
O ministro Eunício Oliveira
(Comunicações) voltou a dizer
que o governo espera o aumento da concorrência no setor com
a venda da Embratel para a mexicana Telmex. "Nós sempre
dissemos e reafirmamos: o que
nós queremos é a ampliação da
concorrência", disse.
Oliveira informou que a Telmex se comprometeu a procurar o governo brasileiro para
reafirmar a posição de conceder
uma golden share (ação especial
com direito a voto e veto em determinados assuntos, definidos
em acordo de acionistas) na Star
One, operadora de satélites da
Embratel.
O governo quer ter participação na Star One porque tem
preocupações estratégicas com
as informações militares que
trafegam pelos satélites.
Tarifas
Questionado sobre o fato de a
Telmex cobrar as tarifas mais altas da América, Oliveira disse
esperar que a empresa chegue
ao Brasil para ampliar a concorrência. Ele afirmou ainda que o
governo vai conversar com a
Telmex sobre manutenção de
empregos na Embratel.
Em relação aos documentos
revelados pela Folha, no último
domingo, que demonstram que
as operadoras locais iriam alinhar "tarifas pelo teto" no caso
de conseguirem comprar a Embratel, Oliveira disse que só recebeu informações pelos jornais. "Não conheço o documento. Não chegou às minhas mãos
até agora. Recebi informações
por meio da mídia."
Na reportagem, a Folha revela
que as três empresas tinham como objetivo da compra da Embratel reduzir descontos e mesmo repassar inflação a suas tarifas, o que seria possível com a
eliminação da concorrência.
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