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COMUNICAÇÕES
Linha de financiamento só sairá com o aval do Legislativo, afirma Lessa
Congresso decidirá ajuda à mídia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) poderá desistir de fazer
um programa de financiamento
para empresas de mídia. De acordo com o presidente do banco,
Carlos Lessa, isso poderia acontecer caso houvesse forte oposição
no Congresso. "Se a imensa maioria dos parlamentares disser que
não, evidente que nós não vamos
levar à frente um programa desses", afirmou ontem em Brasília.
Lessa disse que o banco está colocando em discussão a questão
do financiamento para empresas
de mídia porque o assunto é muito "delicado". Lessa falou sobre financiamento público para o setor
de mídia durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio da Câmara dos Deputados e em uma entrevista coletiva após a audiência.
Ele explicou que o banco pretende que o programa de financiamento seja feito por meio de
agentes (bancos privados), e não
diretamente pelo BNDES. "A posição do banco é que esse não seja
um programa direto com o
BNDES, seja um programa feito
via agentes. Por quê? Porque aí as
mil e tantas empresas do setor [de
mídia] irão conversar com os 180
bancos brasileiros. E, se um banco
achar que o projeto é meritório,
vem então nos procurar, mas o
risco do BNDES não será o risco
empresa, será o risco do banco."
Lessa lembrou aos deputados
que as normas para concessão de
empréstimo do banco são "duras" e que o financiamento para a
mídia será discutido abertamente. "Eu quero tranqüilizar os senhores parlamentares. Uma matéria dessa delicadeza nunca será
decidida a portas fechadas", disse.
Endividamento
A Folha publicou, em fevereiro,
que o setor de mídia tem uma dívida estimada em aproximadamente R$ 10 bilhões. Segundo dados do Ministério do Trabalho, as
empresas de comunicação -rádios, TVs, jornais, revistas e agências de notícias- cortaram 17 mil
empregos em dois anos.
A reportagem mostrou que, em
2002, as empresas de comunicação acumularam prejuízo de R$ 7
bilhões, dos quais R$ 5 bilhões foram registrados pela Globopar
-holding das Organizações Globo. A receita líquida do setor naquele ano foi 20% menor, em valores reais (descontada a inflação), do que a de 2000.
No mês passado, o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, informou, em audiência pública no
Senado, que a linha de crédito do
governo para socorrer o setor de
comunicação terá um volume
máximo de R$ 4 bilhões.
Em seu depoimento, Costa disse que as regras gerais do programa não estavam definidas. Segundo o vice-presidente do BNDES, a
decisão de não fazer empréstimos
diretos se deve ao alto endividamento do setor e à "conveniência
de que tenha independência em
relação ao governo".
Na ocasião, o banco informou
que o valor de R$ 4 bilhões está relacionado à demanda estimada
para a linha de crédito, que, segundo a área técnica do banco,
deve ser inferior aos R$ 5 bilhões
calculados em estudo encomendado pelo setor.
Também em março, o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o modelo definido impedirá que uma
única empresa receba mais de
25% do total do programa -R$ 1
bilhão, tomando por base o teto
anunciado.
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