São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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COMUNICAÇÕES

Linha de financiamento só sairá com o aval do Legislativo, afirma Lessa

Congresso decidirá ajuda à mídia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderá desistir de fazer um programa de financiamento para empresas de mídia. De acordo com o presidente do banco, Carlos Lessa, isso poderia acontecer caso houvesse forte oposição no Congresso. "Se a imensa maioria dos parlamentares disser que não, evidente que nós não vamos levar à frente um programa desses", afirmou ontem em Brasília.
Lessa disse que o banco está colocando em discussão a questão do financiamento para empresas de mídia porque o assunto é muito "delicado". Lessa falou sobre financiamento público para o setor de mídia durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados e em uma entrevista coletiva após a audiência.
Ele explicou que o banco pretende que o programa de financiamento seja feito por meio de agentes (bancos privados), e não diretamente pelo BNDES. "A posição do banco é que esse não seja um programa direto com o BNDES, seja um programa feito via agentes. Por quê? Porque aí as mil e tantas empresas do setor [de mídia] irão conversar com os 180 bancos brasileiros. E, se um banco achar que o projeto é meritório, vem então nos procurar, mas o risco do BNDES não será o risco empresa, será o risco do banco."
Lessa lembrou aos deputados que as normas para concessão de empréstimo do banco são "duras" e que o financiamento para a mídia será discutido abertamente. "Eu quero tranqüilizar os senhores parlamentares. Uma matéria dessa delicadeza nunca será decidida a portas fechadas", disse.

Endividamento
A Folha publicou, em fevereiro, que o setor de mídia tem uma dívida estimada em aproximadamente R$ 10 bilhões. Segundo dados do Ministério do Trabalho, as empresas de comunicação -rádios, TVs, jornais, revistas e agências de notícias- cortaram 17 mil empregos em dois anos.
A reportagem mostrou que, em 2002, as empresas de comunicação acumularam prejuízo de R$ 7 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões foram registrados pela Globopar -holding das Organizações Globo. A receita líquida do setor naquele ano foi 20% menor, em valores reais (descontada a inflação), do que a de 2000.
No mês passado, o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, informou, em audiência pública no Senado, que a linha de crédito do governo para socorrer o setor de comunicação terá um volume máximo de R$ 4 bilhões.
Em seu depoimento, Costa disse que as regras gerais do programa não estavam definidas. Segundo o vice-presidente do BNDES, a decisão de não fazer empréstimos diretos se deve ao alto endividamento do setor e à "conveniência de que tenha independência em relação ao governo".
Na ocasião, o banco informou que o valor de R$ 4 bilhões está relacionado à demanda estimada para a linha de crédito, que, segundo a área técnica do banco, deve ser inferior aos R$ 5 bilhões calculados em estudo encomendado pelo setor.
Também em março, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o modelo definido impedirá que uma única empresa receba mais de 25% do total do programa -R$ 1 bilhão, tomando por base o teto anunciado.


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