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MONOPÓLIO
Empresa fabricante de programas para computador foi considerada culpada de violar lei de proteção à concorrência
Veja como a Microsoft dominou o mercado
DAVID WARSH
DO "BOSTON GLOBE"
Para compreender por que o caso do governo contra a Microsoft
chegou ao seu abrupto clímax durante a semana passada no tribunal do juiz distrital Thomas Penfield Jackson, é útil saber alguma
coisa sobre como a tecnologia de
segurança para redes de computadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) foi parar
no coração do caso.
Kerberos dificilmente é uma palavra conhecida, mesmo agora.
Mas ela surgiu repetidas vezes nas
declarações dos especialistas a
quem o governo pretendia apresentar como testemunhas na fase
de sentenciamento do processo.
Era uma das peças centrais de
uma narrativa apresentada em
benefício da acusação por uma
associação setorial, elogiada por
Jackson como "um resumo excelente, um resumo excelente".
Na mitologia grega, Kerberos
(muitas vezes traduzido como
"Cérbero") era o cão de três cabeças que guardava a entrada do
Hades. É um símbolo bastante
apropriado para as táticas que
trouxeram a Microsoft à beira de
uma cisão corporativa radical.
A história tem origem nos anos
80, quando os computadores pessoais começaram a se conectar
aos velhos mainframes e minicomputadores em redes extensas
dentro das universidades.
Travessuras
O MIT é famoso por travessuras
computadorizadas, incluindo invasões de máquinas que vieram a
ser conhecidas como o campo de
exercícios dos hackers. No entanto, até hoje nenhum hacker conseguiu penetrar na rede do MIT.
Por quê? Porque uma iniciativa
comandada pelo diretor de rede
Jeffrey I. Schiller como parte do
Projeto Atena -uma parceria
antiga entre o MIT, a Digital
Equipment e a IBM para conectar
todo o campus- desenvolveu
uma técnica engenhosa para impedir que senhas fossem roubadas até mesmo pelo mais ardiloso
dos programas de intercepção.
O sistema é virtualmente à prova de falhas. Por volta de 1995,
quando Victoria Richardson o
descreveu para o "Financial Times", ela escreveu que "seu histórico impressionante está atraindo
a atenção de número crescente de
companhias, cujos executivos
percorrem o centro de visitantes
do MIT quase que diariamente
para ver os protocolos em ação".
Código engenhoso
Com o tempo, o Kerberos foi
transformado em padrão aberto e
aperfeiçoável pela Internet Engineering Task Force. Como o restante dos protocolos e padrões
que tornam a Internet uma tecnologia tão avassaladora, ele estava
disponível gratuitamente para
quem quisesse incorporar suas
técnicas a um projeto e era modificável da maneira que um projetista desejasse, a fim de melhorá-lo -um exemplo perfeito do software "de fonte aberta", desenvolvido de maneira colaborativa.
Havia apenas um problema. Em
um campo específico do programa Kerberos, a Microsoft inseriu
um código engenhoso e indecifrável criado pela empresa, com o
objetivo de interagir com outros
softwares.
A Microsoft manteve segredo
sobre essa modificação. E foi assim que a Microsoft transformou
o Kerberos de padrão aberto de
computação na Internet em sistema de acesso exclusivo.
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