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Moscou descobre o mercado livre com delegação de economistas
AMITY SHLAES
DO "FINANCIAL TIMES"
Um dos maiores mistérios sobre
Vladimir Putin é a sua opinião sobre a economia. O passado dele
como um homem de segurança
no Kremlin, afinal, não o preparou muito para as nuances de liderar a economia russa. E, embora tenha declarado em discurso
no começo deste ano que "combateria a pobreza" e que "quanto
mais forte o Estado, mais livre o
indivíduo", ele ainda não expôs
sua posição sobre a privatização
dos fundos de pensão, a regra de
preços nas discussões monetárias
ou sobre as alíquotas tributárias.
Assim, é interessante descobrir
que o Kremlin recebeu duas delegações de economistas que defendem o mercado mais livre possível, o chamado "supply side".
Os planos para a visita foram
supostamente preparados por
Andre Illarionóv, um economista
pró-mercado ao estilo ocidental
que estudou em Harvard e agora é
o principal assessor econômico
de Putin. Illarionóv procurou a
embaixada norte-americana em
Moscou, que por sua vez entrou
em contato com os dois grupos de
economistas, que puderam defender a adoção das medidas clássicas do "supply side" -cortes
radicais de impostos e a criação
de contas individuais de investimento para a aposentadoria.
Os cinco convidados do Kremlin eram Richard K. Vedder, especialista em emprego, crescimento
e privatização da educação da
Universidade de Ohio; James
Gwartney, líder da escola de pensamento econômico conhecida
como "teoria da escolha pública"
e economista chefe do Comitê
Econômico Conjunto do Congresso; Arnold Halberger, um dos
famosos "Chicago Boys" que convenceu o presidente Augusto Pinochet, do Chile, a reestruturar
radicalmente a economia de seu
país e a abrir seus mercados; James Carter, membro do Comitê
Econômico conjunto do Congresso; e Carlos Bologna, ex-ministro
das Finanças do Peru.
"Nós defendemos o corte dos
impostos", diz Gwartney. Eles
também discutiram o peso das altas contribuições vigentes na Rússia (41% sobre a folha de pagamentos) e disseram que o percentual era "alto demais".
Segundo os participantes, Putin
parecia receptivo. "A questão é o
quanto ele poderá fazer devido à
situação política", disse Carter.
Na semana seguinte, um segundo grupo de defensores do livre
mercado viajou à Rússia para
uma reunião com Illarionóv no
Centro Gref de Estudos Econômicos e Estratégicos, uma organização de pesquisa que convidada a
apresentar planos para a reforma
econômica. Esse grupo de especialistas incluía Sir Roger Douglas, o lendário ministro das Finanças adepto radical do livre
mercado na Nova Zelândia, Graham Scott, neozelandês reformista, e José Pinera, o pai da privatização do seguro social no Chile.
Depois das visitas, Kotlikoff e
Gwartney, escreveram artigos para o "Financial Times", mas nenhum deles revelou detalhes sobre as conversações. Resta determinar o impacto, se é que essa tutela de alto nível irá exercer algum. Espera-se que uma série de
planos de reforma econômica seja
anunciada em junho.
Tradução de Paulo Migliacci
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