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Turbulência nos mercados fez Bolsa cair 18% entre janeiro e junho; perda maior (31,4%) só foi registrada em 1972
Bovespa tem pior 1º semestre em 30 anos
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência deste mês nos mercados levou a Bolsa de Valores de São Paulo a ter seu pior primeiro semestre em 30 anos. O Ibovespa, índice que reúne as 57
ações mais negociadas do pregão paulista, acumulou queda de 18%
de janeiro a junho. O resultado só é melhor do que os 31,4% de baixa
registrados nos seis primeiros
meses de 1972, época em que o
mundo vivia a crise do petróleo.
Apenas neste mês o Ibovespa
caiu 13,4% -o pior desempenho
entre as aplicações financeiras. O
dólar liderou o ranking, com valorização de 12%. Os fundos DI,
atingidos pela marcação a mercado anunciada pelo BC, renderam
1,32% em junho. Em meses anteriores esse rendimento ficara em
torno de 1,40%.
A crise do mercado de ações e a
alta do dólar foram agravadas
neste mês pela tensão devido a
uma má atuação do BC, na avaliação do mercado, e às incertezas
sobre o futuro político do país. Esses fatos levaram investidores a
acreditar que o Brasil poderia dar
um calote no pagamento de sua
dívida externa. A dúvida fez o risco-país disparar 56,7% em junho.
Além disso, há uma desconfiança generalizada entre os investidores em relação à real saúde financeira das empresas, o que prejudica especialmente os mercados
acionários mundiais.
A incerteza começou no fim do
ano passado, com as denúncias de
que a Enron teria maquiado seus
balanços financeiros. Nesta semana, houve a notícia de uma fraude
financeira de US$ 3,8 bilhões feita
pela WorldCom.
O investidor internacional vê
empresas americanas, aparentemente de risco mínimo, com esse
tipo de problema e passa a desconfiar ainda mais das ações de
empresas de países emergentes,
caso do Brasil, e procura se desfazer dos papéis.
Neste ano, a Bovespa acumula
R$ 147,185 milhões em saídas de
investimento estrangeiro. Apenas
até o dia 20 de junho, essa saída
está em R$ 769,347 milhões.
Mas os problemas da Bovespa
vêm de longe e já levaram a instituição a demitir funcionários e a
cortar custos em setembro do ano
passado. Para operar no azul, a
Bolsa precisa girar pelo menos R$
400 milhões por dia. A média diária dos últimos meses tem sido
em torno dos R$ 600 milhões. Ontem, por exemplo, o mercado girou R$ 486,219 milhões.
Segundo analistas, dois fatores
podem contribuir para uma melhora da Bolsa. Um deles é a redução dos juros brasileiros, que deverá tornar o mercado de ações
mais atrativo do que outras aplicações. A outra é o fato de que os
papéis estão baratos demais, o que pode torná-los atraentes.
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