São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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Turbulência nos mercados fez Bolsa cair 18% entre janeiro e junho; perda maior (31,4%) só foi registrada em 1972

Bovespa tem pior 1º semestre em 30 anos

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

A turbulência deste mês nos mercados levou a Bolsa de Valores de São Paulo a ter seu pior primeiro semestre em 30 anos. O Ibovespa, índice que reúne as 57 ações mais negociadas do pregão paulista, acumulou queda de 18% de janeiro a junho. O resultado só é melhor do que os 31,4% de baixa registrados nos seis primeiros meses de 1972, época em que o mundo vivia a crise do petróleo.
Apenas neste mês o Ibovespa caiu 13,4% -o pior desempenho entre as aplicações financeiras. O dólar liderou o ranking, com valorização de 12%. Os fundos DI, atingidos pela marcação a mercado anunciada pelo BC, renderam 1,32% em junho. Em meses anteriores esse rendimento ficara em torno de 1,40%.
A crise do mercado de ações e a alta do dólar foram agravadas neste mês pela tensão devido a uma má atuação do BC, na avaliação do mercado, e às incertezas sobre o futuro político do país. Esses fatos levaram investidores a acreditar que o Brasil poderia dar um calote no pagamento de sua dívida externa. A dúvida fez o risco-país disparar 56,7% em junho.
Além disso, há uma desconfiança generalizada entre os investidores em relação à real saúde financeira das empresas, o que prejudica especialmente os mercados acionários mundiais.
A incerteza começou no fim do ano passado, com as denúncias de que a Enron teria maquiado seus balanços financeiros. Nesta semana, houve a notícia de uma fraude financeira de US$ 3,8 bilhões feita pela WorldCom.
O investidor internacional vê empresas americanas, aparentemente de risco mínimo, com esse tipo de problema e passa a desconfiar ainda mais das ações de empresas de países emergentes, caso do Brasil, e procura se desfazer dos papéis.
Neste ano, a Bovespa acumula R$ 147,185 milhões em saídas de investimento estrangeiro. Apenas até o dia 20 de junho, essa saída está em R$ 769,347 milhões.
Mas os problemas da Bovespa vêm de longe e já levaram a instituição a demitir funcionários e a cortar custos em setembro do ano passado. Para operar no azul, a Bolsa precisa girar pelo menos R$ 400 milhões por dia. A média diária dos últimos meses tem sido em torno dos R$ 600 milhões. Ontem, por exemplo, o mercado girou R$ 486,219 milhões.
Segundo analistas, dois fatores podem contribuir para uma melhora da Bolsa. Um deles é a redução dos juros brasileiros, que deverá tornar o mercado de ações mais atrativo do que outras aplicações. A outra é o fato de que os papéis estão baratos demais, o que pode torná-los atraentes.



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