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CRIME
Suposto esquema movimentou US$ 534 mi em 8 meses
EUA acusam casa de câmbio do Brasil de remessa ilegal de dólares
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Autoridades da Alfândega norte-americana anunciaram anteontem que desbarataram quadrilha baseada no Estado de Nova Jersey que realizava remessa ilegal
de dólares de e para o Brasil, usando como fachada uma casa de
câmbio de São Paulo.
A operação era comandada pela
portuguesa naturalizada norte-americana Maria Carolina Nolasco, que foi presa em sua casa em
Newark.
O esquema servia para lavar dinheiro do mercado negro e provavelmente do narcotráfico brasileiro, disseram oficiais do FBI.
O montante movimentado em
oito meses chega a US$ 534 milhões e envolve 250 contas, abertas em nome de pessoas físicas e
de empresas fantasmas de brasileiros. Todas as contas eram controladas por Nolasco.
As operações eram realizadas
em nome de Gatex Corp., Harber
Corp., e Sorabe, S.A..
A portuguesa de 44 anos era vice-presidente do departamento
internacional de contas privadas
do Valley National Bancorp, de
Manhattan.
Cerca de US$ 15 milhões, depositados em 39 contas, foram confiscados ontem. Nolasco foi liberada depois de pagar fiança de
US$ 250 mil.
Se for considerada culpada dos
crimes de que é acusada -transferência ilegal, lavagem de dinheiro e evasão fiscal-, pode pegar
até 50 anos de prisão.
Envolvidos
Segundo a procuradora Marion
Porcell, que cuida do caso, a polícia também investiga Antonio Pires de Almeida, suposto chefe da
quadrilha, que seria correntista titular de pelo menos três contas.
Almeida, que é representante da
Turist-Câmbio Viagens e Turismo, recebeu aviso em São Paulo
de que suas contas haviam sido
confiscadas e que a ação poderia
ser contestada num tribunal de
Nova York, desde que ele comparecesse pessoalmente.
A reportagem da Folha tentou
ouvir os diretores responsáveis
pela Turist-Câmbio Viagens e Turismo sobre o caso, mas não houve resposta às ligações até a conclusão desta edição.
Para as transferências ilegais, as
autoridades afirmaram que Nolasco usava aparelhos de fax e o
serviço eletrônico do banco. Por
seu serviço, recebeu um total de
US$ 1,2 milhão.
Suspeita
O que levantou a suspeita, no
entanto, foi o fato de Nolasco não
ter declarado ao fisco a quantia,
que equivale a uma sonegação de
US$ 434 mil.
"Ela pode ou não conhecer o esquema inteiro", disse Percell,
"mas esse era um esquema enorme, que lavou os lucros do tráfico
de drogas, entre outras coisas."
"Essa operação vai atingir os envolvidos em cheio", disse o promotor Christopher Christie, um
dos outros profissionais responsáveis pelo caso.
"Movimentação ilegal de altas
quantidades de dinheiro como essa é quase sempre parte de uma
outra atividade criminosa, geralmente tráfico de drogas", afirmou
o promotor.
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