São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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CRIME

Suposto esquema movimentou US$ 534 mi em 8 meses

EUA acusam casa de câmbio do Brasil de remessa ilegal de dólares

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Autoridades da Alfândega norte-americana anunciaram anteontem que desbarataram quadrilha baseada no Estado de Nova Jersey que realizava remessa ilegal de dólares de e para o Brasil, usando como fachada uma casa de câmbio de São Paulo.
A operação era comandada pela portuguesa naturalizada norte-americana Maria Carolina Nolasco, que foi presa em sua casa em Newark.
O esquema servia para lavar dinheiro do mercado negro e provavelmente do narcotráfico brasileiro, disseram oficiais do FBI.
O montante movimentado em oito meses chega a US$ 534 milhões e envolve 250 contas, abertas em nome de pessoas físicas e de empresas fantasmas de brasileiros. Todas as contas eram controladas por Nolasco.
As operações eram realizadas em nome de Gatex Corp., Harber Corp., e Sorabe, S.A..
A portuguesa de 44 anos era vice-presidente do departamento internacional de contas privadas do Valley National Bancorp, de Manhattan.
Cerca de US$ 15 milhões, depositados em 39 contas, foram confiscados ontem. Nolasco foi liberada depois de pagar fiança de US$ 250 mil.
Se for considerada culpada dos crimes de que é acusada -transferência ilegal, lavagem de dinheiro e evasão fiscal-, pode pegar até 50 anos de prisão.

Envolvidos
Segundo a procuradora Marion Porcell, que cuida do caso, a polícia também investiga Antonio Pires de Almeida, suposto chefe da quadrilha, que seria correntista titular de pelo menos três contas. Almeida, que é representante da Turist-Câmbio Viagens e Turismo, recebeu aviso em São Paulo de que suas contas haviam sido confiscadas e que a ação poderia ser contestada num tribunal de Nova York, desde que ele comparecesse pessoalmente.
A reportagem da Folha tentou ouvir os diretores responsáveis pela Turist-Câmbio Viagens e Turismo sobre o caso, mas não houve resposta às ligações até a conclusão desta edição.
Para as transferências ilegais, as autoridades afirmaram que Nolasco usava aparelhos de fax e o serviço eletrônico do banco. Por seu serviço, recebeu um total de US$ 1,2 milhão.

Suspeita
O que levantou a suspeita, no entanto, foi o fato de Nolasco não ter declarado ao fisco a quantia, que equivale a uma sonegação de US$ 434 mil.
"Ela pode ou não conhecer o esquema inteiro", disse Percell, "mas esse era um esquema enorme, que lavou os lucros do tráfico de drogas, entre outras coisas."
"Essa operação vai atingir os envolvidos em cheio", disse o promotor Christopher Christie, um dos outros profissionais responsáveis pelo caso.
"Movimentação ilegal de altas quantidades de dinheiro como essa é quase sempre parte de uma outra atividade criminosa, geralmente tráfico de drogas", afirmou o promotor.



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