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CONJUNTURA
Melhor infra-estrutura fora dos grandes centros fez empresas deixarem as capitais entre 1970 e 2000, diz pesquisa
IBGE constata interiorização da indústria
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Pesquisa Industrial Anual do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a
indústria do país sofreu um forte
processo de desconcentração regional entre 1970 e 2000.
O movimento teve intensidade
maior de 1970 a 1985, impulsionado pelo maior crescimento econômico e pela ampliação da infra-estrutura fora dos grandes centros. De 1985 a 2000, anos de menor crescimento, ele perdeu força.
Em 1970, Rio e São Paulo concentravam 61,3% do emprego e
71,9% da produção, em valor, da
indústria nacional. Em 1985, as
participações caíram para 54,5% e
57,2%, respectivamente.
Quinze anos mais tarde, em
2000, a queda continuou, mas
com menor intensidade: as participações ficaram em 45,5% (emprego) e 54,7% (produção).
Segundo o IBGE, a desconcentração ocorreu de modo mais intenso em setores da indústria cuja
produção tem menor valor e que
empregam mais -têxtil, vestuário e calçados- e nos ramos que
dependem da extração de recursos naturais -celulose e metalurgia. Esses segmentos saíram de
São Paulo e do Rio e foram para
todas as demais regiões.
Em busca de mão-de-obra mais
barata, o setor têxtil, por exemplo,
migrou para o Ceará e para Santa
Catarina. Já a metalurgia, puxada
pela indústria do alumínio, foi para o Pará, onde existem jazidas
minerais.
"Houve continuidade do processo de desconcentração, mas
muito menos intenso do que na
década de 70. Essa desconcentração ocorreu mais no emprego do
que na produção", disse a economista Mariana Rebouças, do IBGE. Para ela, isso aconteceu porque São Paulo e Rio perderam
mais indústrias intensivas em
mão-de-obra e menos fábricas
que produzem itens mais caros,
como as automobilísticas.
Em setores em que a produção
tem maior valor, como veículos,
máquinas e equipamentos e material elétrico, a migração ficou
restrita aos demais Estados do Sudeste (Espírito Santo e Minas Gerais) e ao Sul do país.
Atração pelo Sul
A região Sul foi a que atraiu um
maior número de setores, diversificando sua indústria desde alimentos e fumo até carros e eletrodomésticos.
Já o Centro-Oeste teve o maior
crescimento relativo no número
de indústrias instaladas, quase
dobrando sua participação no total nacional: de 1,2% em 1985 para
2,2% em 2000.
A pesquisa também revela que
houve um processo de interiorização da produção. Das 101 principais aglomerações industriais
do país, 20 estão nas capitais.
O Estado de São Paulo concentra 29 das 101 maiores regiões industriais do país e os três primeiros municípios do ranking: São
Paulo (13,9% da produção total),
Campinas (6,2%) e São José dos
Campos (5,9%). O Rio aparece
em quarto (5,3%), seguido por
Porto Alegre (3,7%) e por Belo
Horizonte (3,4%).
Das 20 principais aglomerações
industriais do país que estão nas
capitais, só 8 aumentaram sua
participação no total produzido
de 1996 a 2000. Também cresceu o
número de médias regiões industriais (de 10 mil a 50 mil empregados): de 72 para 84.
Entre os motivos que atraíram as empresas para as cidades do interior, Mariana destaca a melhora da infra-estrutura de comunicação e de estradas, os incentivos
fiscais e o menor gasto das empresas com mão-de-obra.
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