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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

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SPA NO CURRAL

Corte diminui ração enriquecida e afeta desempenho de animais

Vaca entra em dieta forçada, e produção de leite cai à metade

Benito Maddalena/Folha Imagem
Gado holandês come ração em fazenda da Embrapa em Coronel Pacheco, Minas Gerais


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

As vacas que compõem o rebanho holandês da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), estão em dieta forçada. Elas comem menos ração enriquecida do que deveriam.
O motivo: a liberação dos recursos pelo governo federal, além de restritos, não têm mantido um fluxo regular. Com isso, os cortes nas despesas acabaram por se tornar inevitáveis.
A consequência da alimentação reduzida para o gado é que algumas vacas que chegavam a produzir até 50 litros de leite por dia, agora, só conseguem produzir a metade.
"É lamentável. O gado precisa se alimentar bem e não pode esperar. O rebanho holandês [cerca de 350 cabeças] é do mais alto nível genético, e tivemos que abdicar do concentrado [a ração]", disse Marcos Antônio de Freitas, técnico da unidade da Embrapa e presidente da seção juiz-forana do Sinpaf (Sindicato dos Trabalhadores de Pesquisas Agropecuária e Florestal).
A produção leiteira na unidade Gado de Leite, que possui cerca de 1.200 animais, caiu de aproximadamente 6.000 litros de leite/dia para 3.500 litros/dia. A restrição alimentar atinge a maior parte dos animais e, por isso, unidade deixa de ganhar também com a venda do leite.
Mas os problemas não ficam restritos a isso. A unidade é a responsável por investir em programas que visam transferir tecnologia para o combate de doenças do gado leiteiro.
O Macro Programa 4 deveria ter começado em janeiro, mas, no momento, está parado. "Até agora não chegou nenhum centavo", disse Marne Moreira, do setor de Transferência de Tecnologia. Na outra unidade mineira da Embrapa, a Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, o último trator foi comprado há dez anos. A única colheitadeira de que dispõe os técnicos tem mais de 20 anos.

Penúria
"Muitas vezes dependemos de empréstimos. Uma colheitadeira de Uberlândia foi alugada umas quatro vezes. A nossa fica mais no estaleiro do que trabalhando", disse o presidente da seção Sete Lagoas do Sinpaf, Antônio Geraldo Oliveira.
"A situação é crítica. Teve época em que tivemos que negociar com a companhia energética duas contas que estavam atrasadas. Neste ano ainda não conseguimos nenhuma produção de semente. A prioridade é a manutenção do centro [de 2.000 ha, com 800 hectares plantados com milho e sorgo]."
Os projetos com o milho e com o sorgo em Sete Lagoas foram reduzidos de 14, em 2001, para 6, desde o ano passado. "Do jeito que vai, a tendência é só piorar", disse Oliveira.


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