São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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CURTO-CIRCUITO

Dívida de Itaipu ficou mais difícil de ser paga; consumidor paga mais

"Dolarização" pesa na conta de luz

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se por, um lado, a "dolarização" resolveu o problema do credor de Itaipu (o próprio governo do Brasil), com o fim da paridade e a desvalorização do real, em janeiro de 1999, a dívida tornou-se mais difícil de ser paga e um peso maior para os consumidores. A quitação só acontece em 2023.
"Era preciso cumprir um compromisso com o credor, que era a Eletrobrás, que havia captado recursos em moeda forte para financiar a usina", diz Raimundo Brito, ministro de Minas e Energia entre 1995 e 1998. "Era um momento de muita credibilidade da moeda brasileira", completa.
Firmino Sampaio, então presidente da Eletrobrás, explica que, antes da dolarização, a dívida de Itaipu era "como um cheque especial", sem possibilidade de pagamento. Segundo ele, na ocasião, ninguém tinha "bola de cristal" para adivinhar que a paridade cambial terminaria em 1999.
Para Tolmasquim, vista retrospectivamente, a "dolarização" foi "uma decisão equivocada do ponto de vista do consumidor".

Tarifas
O governo Lula criou soluções alternativas para evitar o impacto do dólar nas tarifas de energia no ano passado. Em 2002, no período eleitoral, a moeda dos EUA ficou muito valorizada. Para evitar impactos inflacionários nos reajustes de 2003, o governo "congelou" o repasse do custo do dólar para as tarifas. O valor que deveria ser repassado em cada distribuidora, depois de "congelado", ficou em uma conta corrigida pela taxa Selic e está sendo repassado em duas parcelas, uma neste ano e outra em 2005.
Na quinta, houve reajuste médio de 14,43% na tarifa de energia da Copel (PR). Do total do aumento, a alta do dólar "congelado" de 2003 (variação de julho de 2002 a junho de 2003) representou 3,05 pontos percentuais. A alta mais recente do dólar (variação de julho de 2003 a junho de 2004) representou outros 2,21 pontos.
Ou seja, 36% do aumento total aplicado aos 3,1 milhões de consumidores da Copel foi relativo à alta do dólar. Segundo a Folha apurou, no reajuste da Eletropaulo, a ser divulgado até o final da semana, 4,9 pontos percentuais deverão ser relativos à alta do dólar de 2002, que foi "congelada".
O impacto do dólar nas tarifas de energia está sendo mais sentido pelos consumidores industriais. Isso acontece porque o governo está fazendo um "realinhamento" das tarifas, retirando gradativamente o subsídio cruzado que fazia com que os consumidores residenciais financiassem tarifas mais baixas para a indústria.


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