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CURTO-CIRCUITO
Dívida de Itaipu ficou mais difícil de ser paga; consumidor paga mais
"Dolarização" pesa na conta de luz
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se por, um lado, a "dolarização"
resolveu o problema do credor de
Itaipu (o próprio governo do Brasil), com o fim da paridade e a
desvalorização do real, em janeiro
de 1999, a dívida tornou-se mais
difícil de ser paga e um peso
maior para os consumidores. A
quitação só acontece em 2023.
"Era preciso cumprir um compromisso com o credor, que era a
Eletrobrás, que havia captado recursos em moeda forte para financiar a usina", diz Raimundo
Brito, ministro de Minas e Energia entre 1995 e 1998. "Era um
momento de muita credibilidade
da moeda brasileira", completa.
Firmino Sampaio, então presidente da Eletrobrás, explica que,
antes da dolarização, a dívida de
Itaipu era "como um cheque especial", sem possibilidade de pagamento. Segundo ele, na ocasião,
ninguém tinha "bola de cristal"
para adivinhar que a paridade
cambial terminaria em 1999.
Para Tolmasquim, vista retrospectivamente, a "dolarização" foi
"uma decisão equivocada do
ponto de vista do consumidor".
Tarifas
O governo Lula criou soluções
alternativas para evitar o impacto
do dólar nas tarifas de energia no
ano passado. Em 2002, no período eleitoral, a moeda dos EUA ficou muito valorizada. Para evitar
impactos inflacionários nos reajustes de 2003, o governo "congelou" o repasse do custo do dólar
para as tarifas. O valor que deveria
ser repassado em cada distribuidora, depois de "congelado", ficou em uma conta corrigida pela
taxa Selic e está sendo repassado
em duas parcelas, uma neste ano e
outra em 2005.
Na quinta, houve reajuste médio de 14,43% na tarifa de energia
da Copel (PR). Do total do aumento, a alta do dólar "congelado" de 2003 (variação de julho de
2002 a junho de 2003) representou 3,05 pontos percentuais. A alta mais recente do dólar (variação
de julho de 2003 a junho de 2004)
representou outros 2,21 pontos.
Ou seja, 36% do aumento total
aplicado aos 3,1 milhões de consumidores da Copel foi relativo à
alta do dólar. Segundo a Folha
apurou, no reajuste da Eletropaulo, a ser divulgado até o final da semana, 4,9 pontos percentuais deverão ser relativos à alta do dólar
de 2002, que foi "congelada".
O impacto do dólar nas tarifas
de energia está sendo mais sentido pelos consumidores industriais. Isso acontece porque o governo está fazendo um "realinhamento" das tarifas, retirando gradativamente o subsídio cruzado
que fazia com que os consumidores residenciais financiassem tarifas mais baixas para a indústria.
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