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NEGÓCIOS
Mexicanos anunciam acordo com a maior operadora de TV paga da AL
Telmex comprará parte da
Net e já pensa no controle
ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Net, maior operadora de TV
por assinatura da América Latina,
anunciou ontem um acordo que
permitirá a entrada da Telmex,
nova dona da Embratel, em seu
capital. Os mexicanos admitem o
interesse de assumir o controle da
empresa no futuro, tão logo a legislação do setor permita. A Net
confirma essa possibilidade.
"A Net é um investimento estratégico para oferecermos serviços
de voz, dados e vídeo. A nossa intenção é chegar a 51% do controle,
caso a legislação brasileira venha a
permitir isso no futuro", disse o
diretor de alianças estratégicas da
Telmex, Arturo Elías Ayub.
A legislação brasileira impede
que sócios estrangeiros ultrapassem o limite de 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV
paga no país. Existe no Senado,
desde 2001, um projeto de lei que
visa acabar com esse limite.
O acordo entre a Globopar
(Globo Comunicações e Participações), que controla a Net, e a
Telmex foi anunciado anteontem.
Francisco Valim, presidente da
Net, disse que a forma de ingresso
da Telmex está condicionada à
conclusão da reestruturação da
dívida da companhia, de R$ 1,395
bilhão, e à aprovação da operação
pela Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações).
Para Valim, 70% dos credores já
aderiram ao plano de reestruturação da dívida. Valim disse ainda
que, segundo ficou acertado com
os credores da Net, será necessário que esse percentual chegue a
95% para que o plano seja aceito.
As instituições financeiras respondem por 46% dos credores.
"Acreditamos que não haverá
problemas [para buscar o total de
adesões necessárias]. Eles já estão
sendo contatados", disse Valim.
Mesmo se o processo de reestruturação fracassar, existe ainda
a opção formal de a Globopar
vender 34% do capital da Net para
a Telmex, segundo Valim, a partir
de outubro até julho de 2005.
No acordo de renegociação da
dívida, os credores tiveram três
opções de pagamento, em real ou
dólar, com a possibilidade de converter os créditos em ações da Net
Serviços. A estimativa da companhia é diminuir em R$ 730 milhões a dívida total, se todas as
possibilidades de conversão de
créditos forem realizadas.
O plano de reestruturação inclui
ainda uma oferta pública de ações
(com preço mínimo de R$ 0,35
por ação), prevista para ocorrer
até novembro, que pode modificar a estrutura acionária da Net
Serviços. Hoje, as Organizações
Globo detêm 78,8% das ações ordinárias (com direito a voto) e
24,7% das preferenciais.
No leilão, a companhia vai oferecer ao mercado 1,85 bilhão de
ações. Os recursos obtidos dessa
venda serão usados para pagar os
credores em dinheiro.
A Telmex entraria na empresa
como minoritária. A Globo permaneceria no controle do negócio. A Globopar e a Telmex pretendem criar uma SPE -sociedade de propósito específico- na
qual 51% das ações ordinárias ficarão com a Globopar.
A negociação não prevê uma
participação da Telmex no conselho de administração da Net.
Atualmente, fazem parte do conselho a Globopar, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), o Bradesco e
o Grupo RBS, que terão suas participações diluídas após o aumento de capital.
A Telmex estimou entre US$
250 milhões e US$ 370 milhões o
valor que poderá desembolsar na
compra das ações. O valor a ser
efetivamente pago, no entanto,
vai depender da demanda das
ações na oferta pública.
Uma eventual compra da Net
pela Telmex, no futuro, permitiria
à mexicana o acesso a 35,8 mil
quilômetros de cabos que passam
por 6,5 milhões de residências.
A Embratel atua no setor de longa distância, tem forte presença
na área corporativa, mas não tem
acesso ao cliente residencial.
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