|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
Da tecnologia bélica...
O mercado internacional
de mísseis tem alguns
grandes competidores -como
EUA, França, Rússia e Israel-
e outros menores -como Brasil e África do Sul.
Hoje em dia, a disputa não
está mais na mecânica dos
mísseis, mas na portabilidade.
Um míssil transportável, que
custa US$ 100 mil, pode derrubar um avião de US$ 3 milhões.
Brasil e África do Sul estão
tentando desenvolver tecnologias nessa área. A África do Sul
tem enfrentado grande problema para reter sua mão-de-obra qualificada, em razão de
uma política de cotas nas empresas que, mal aplicada, está
desmontando sua estrutura de
pesquisas.
Como reação ao apartheid,
seguiu-se uma política de cotas, inclusive em áreas críticas,
sem levar em conta o tempo
necessário para preparar uma
geração de técnicos negros que
pudesse substituir a maioria
branca que dominava os postos de mais alta qualificação.
Para competir nesse mercado, o Brasil entra com preço e
com suporte pós-venda. As
grandes acabam não fornecendo o suporte por restrição de
preços. Os mercados potenciais
brasileiros são América Latina,
Oriente e Ásia.
O Brasil produz mísseis de
terceira geração. Não avançou
em áreas mais sofisticadas por
questão de custo. Neste momento, está em análise na Força Aérea Brasileira um projeto
sul-africano de míssil de quinta geração. Os sul-africanos
não têm recursos para terminar o projeto e propuseram
uma parceria com o Brasil, na
qual os investimentos de US$
100 milhões serão divididos.
Em circunstância semelhante, a China aceitou uma parceria com a Embraer, mas colocou como sócia uma empresa
local, para absorver tecnologia.
Os sul-africanos colocaram como condição para desenvolver
o projeto que não houvesse
uma empresa nacional associada. Propõem apenas a parceria com a Força Aérea, sem
envolver a indústria. Ora, sem
um parceiro empresarial, do
lado de cá, jamais haverá
transferência de tecnologia.
O trabalho de absorção de
tecnologia no projeto AMX
(com os italianos) só foi possível porque havia a Embraer,
que montou uma verdadeira
operação de transferência, envolvendo-se diretamente na fabricação.
...e da paz
Da coluna de 20 de setembro
de 2001, quando se julgava que
a sociedade norte-americana
trilharia um caminho sem volta para a direita:
"Estão contados os dias de
uma das piores pragas da ecologia política mundial: os "falcões", insufladores da Guerra
Fria. Nos primeiros dias após
os atentados contra os EUA, diversos estudiosos entenderam,
corretamente, que se tratava
de um marco anunciando a
nova ordem mundial. Mas que
nova ordem seria essa?
Há um risco concreto e imediato de os "falcões" se prevalecerem da situação atual, encontrarem pela frente um presidente americano sem energia
e deflagrarem uma campanha
indiscriminada de retaliações.
Mas apenas adiarão o último
vôo. O cenário que vai se robustecendo cada vez mais é
que não haverá saída fora de
um amplo concerto mundial
em torno da paz, devido à impossibilidade de qualquer outra forma de combate ao terror. (...) O cenário alternativo
ao da paz seria a montagem de
uma estrutura de segurança
universal. Mas seria financeira
e fisicamente factível? (...)".
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
Texto Anterior: Opinião econômica: Os fazendeiros de Minnesota Próximo Texto: Negócios: Telmex comprará parte da Net e já pensa no controle Índice
|