São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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Elevação de nota do Brasil anima investidores

Bolsa sobe 1,3%, e dólar cai; Fed decide hoje juro dos EUA

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à turbulência que tem agitado os mercados financeiros desde meados de maio, a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou ontem a nota atribuída ao Brasil. A notícia ajudou na recuperação dos ativos brasileiros: a Bovespa subiu 1,34%, e o dólar caiu 0,76%, para R$ 2,221.
O risco-país, mais afetado por decisões desse tipo, chegou ao fim das operações em queda de 3,35%, a 260 pontos.
O comportamento favorável das Bolsas nos Estados Unidos também colaborou para o dia ser positivo.
Hoje, o mercado tem tudo para ter um dia de bastante volatilidade. O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) vai anunciar para quanto vão os juros norte-americanos, que estão em 5% anuais. As apostas majoritárias são que a taxa irá ser elevada para 5,25%. Mas há quem não descarte a hipótese de os juros irem para 5,5%.
Após a reunião, o Fed tornará pública nota explicativa que deve trazer sinais sobre o futuro dos juros no país, o que tende a mexer com o mercado.
A Fitch elevou o "rating" (nota de risco) da dívida soberana do Brasil de longo prazo em moeda estrangeira para "BB", vindo de "BB-". Com isso, a nota brasileira está a dois degraus da categoria "investment grade" -dada a países que têm poucos riscos de darem calote.
Quem atinge o "investment grade" passa a conseguir com mais facilidade e a menores custos empréstimos no mercado internacional.
"Estamos hoje a dois degraus do "investment grade". O cenário mais otimista diz que atingiremos esse status lá para 2008", diz Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management. "O importante é que tem havido diferenciação entre o Brasil e outros emergentes, como a Turquia."
No atual período de volatilidade, a Turquia vem sendo o país emergente que mais tem sofrido. O banco central turco já elevou os juros do país duas vezes neste mês, na tentativa de conter a saída de recursos estrangeiros e evitar depreciação cambial e inflação.
Na terça-feira, a agência Standard & Poor's revisou a perspectiva para a nota da Turquia de "positiva" para "estável". A decisão significa que tão cedo a Turquia não deve ter sua nota elevada.

Sobe-e-desce
Apesar da alta de ontem, o Ibovespa -principal índice da Bolsa paulista- está com perdas de 4,64% no mês.
A saída de estrangeiros do mercado acionário brasileiro é o mais forte motivo que explica a queda recente acumulada pela Bovespa.
No mês, até o dia 23, os estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bolsa paulista no montante de R$ 2,46 bilhões. Em todo o mês de maio, a saída líquida ficou em R$ 1,51 bilhão.
No pregão de ontem, a ação ON (ordinária) da Sabesp foi a que mais caiu, com baixa de 2,81%. O papel foi seguido por VCP PN (-2,49%) e CCR Rodovias ON (-2,29%).
Também houve de relevante ontem o leilão de venda da Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). A empresa colombiana Interconexión Eléctrica foi a vencedora do leilão, com uma oferta de R$ 1,193 bilhão (leia à pág. B9).

Tesouro dos EUA
O Senado norte-americano aprovou ontem o ex-executivo do Goldman Sachs Henry Paulson para o cargo de secretário do Tesouro do país, em substituição a John Snow. Não houve oposição à confirmação dele entre os senadores.


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