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Pão francês deve passar a ter adição de mandioca
Comissão da Câmara chega a consenso sobre projeto que institui o "Promandioca"
Deputados de Estados
produtores de mandioca
criam incentivos fiscais para
facilitar a adição de 10% do
produto à farinha de trigo
FERNANDO CANZIAN
MAURO ZAFALON
DA REPORTAGEM LOCAL
A comissão especial da Câmara que busca a aprovação do
polêmico "Promandioca" chegou a um acordo ontem sobre o
projeto que torna obrigatória a
adição de 10% de amido de
mandioca à farinha de trigo
consumida no Brasil.
A totalidade da farinha de trigo usada na produção de pão
francês deverá sofrer a adição.
Para os moinhos de trigo, será
obrigatória a adição dos 10% de
amido de mandioca em 50% da
produção total de farinha.
Quem não cumprir a determinação sofrerá pesadas multas (até 25% do valor comercializado sem a adição) ou interdição das atividades comerciais.
O "Promandioca" também
vai estabelecer incentivos fiscais (isenção de PIS/Pasep e
Cofins) aos produtores de amido de mandioca e aos moinhos
de trigo que fizerem a adição.
O "Promandioca" tramita em
caráter terminativo na Câmara.
Significa que 29 deputados, a
maioria de Estados produtores
de mandioca, decidirão sobre o
assunto, sem votação no plenário da Casa.
Agora, se não houver contestação de pelo menos 51 deputados em cinco sessões ordinárias da Câmara, o projeto vai ao
Senado. Depois, direto para a
sanção presidencial.
Originalmente, o "Promandioca" foi apresentado pela primeira vez em 2001 pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Mas só ganhou a velocidade
atual depois que Rebelo assumiu a presidência da Câmara.
Agricultura familiar
Aprovado, o projeto será o
primeiro em caráter terminativo concluído na gestão de Rebelo. A comissão foi instituída
há dois meses.
Rebelo afirma que a tramitação segue as regras do regimento da Câmara. Ele nega influência política na escolha dos integrantes da comissão.
A justificativa ao projeto é diminuir a dependência de trigo
importado e beneficiar a agricultura familiar. Os autores da
medida acreditam ser possível
dobrar (das atuais 500 mil toneladas/ano) a produção de
amido de mandioca e criar mais
de 100 mil empregos no campo.
Já a indústria do trigo afirma
que o projeto trará uma reserva
de mercado aos "mandioqueiros". O presidente do moinho
Pacífico, Lawrence Pih, diz que
pretende entrar na Justiça contra a medida e transferir parte
de suas operações do Brasil para a Argentina.
Para o presidente da comissão, o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), a resistência
dos moinhos de trigo é "natural". Ele ressalta que a obrigatoriedade será da adição de 5% no
primeiro ano de vigência, o que
daria tempo ao mercado para
se adaptar à exigência.
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