São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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ECONOMIA MUNDIAL
Federal Reserve deve anunciar amanhã primeiro aumento da taxa de juros básica desde março de 97
EUA começam hoje a decidir sobre juros

RENATO FRANZINI
de Nova York

O Comitê de Mercados Abertos do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) inicia hoje um encontro que deve decidir pelo primeiro aumento na taxa de juros do país desde março de 1997.
A expectativa generalizada do mercado financeiro do país é que o Fed aumente em 0,25 ponto percentual a taxa de juros de curto prazo (usada em empréstimos interbancários), que hoje é de 4,75%. O anuncio será feito no início da tarde de amanhã.
O aumento serviria para evitar a volta da inflação e manter a economia numa trajetória de crescimento que já dura nove anos.
O índice de desemprego está em 4,2%. Ele mostra que as empresas têm cada vez mais dificuldade de contratar gente, e que o salário médio tem subido. Por enquanto, esse aumento não tem sido repassado aos preços porque as empresas têm aumentado sua produtividade, mas ninguém sabe até quando isso vai durar.
Na semana retrasada, em depoimento no Senado, o presidente do Fed, Alan Greenspan, deu o principal sinal de que os juros vão subir. Disse que "quando nós podemos ser precavidos, devemos ser, porque modestas ações antecipadas podem evitar a necessidade de ações drásticas no futuro, o que poderia desestabilizar a economia".
Na semana passada, a Bolsa de Nova York caiu 2,8% porque os investidores passaram a acreditar que o Fed iniciaria uma série de aumentos de juros, como fez em 1994, ou elevaria a taxa de uma vez em 0,5 ponto percentual.
Ontem, boas notícias no campo econômico modificaram essa perspectiva, apesar de a maioria dos investidores prever que o Fed fará dois pequenos aumentos de juros (de 0,25 ponto percentual cada) neste ano, segundo pesquisa feita pela agência Reuters.
O otimismo ontem fez a Bolsa de Nova York subir 102,59 pontos (0,97%) e fechar em 10.655,15.
Os juros dos títulos do Tesouro americano (T-Bonds) com vencimento em 30 anos caíram para 6,1% ao ano, depois de terem atingido 6,19% na quinta passada.
"A economia está bem, a inflação está invisível e os ganhos das empresas estão subindo", disse Bruce Steinberg, economista chefe do banco de investimentos Merrill Lynch.
Analistas ouvidos pela Folha acreditam que o provável aumento na taxa de juros básica não provocará uma fuga de dinheiro de mercados emergentes para os Estados Unidos.
"O pior para o Brasil é a incerteza de que as reformas vão continuar. Acho que a queda na Bolsa na última sexta-feira foi o maior recado disso", disse Arturo Porzecanski, economista-chefe para as Américas do banco ING Barings.


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