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ECONOMIA MUNDIAL
Federal Reserve deve anunciar amanhã primeiro aumento da taxa de juros básica desde março de 97
EUA começam hoje a decidir sobre juros
RENATO FRANZINI
de Nova York
O Comitê de Mercados Abertos
do Fed (Federal Reserve, banco
central dos EUA) inicia hoje um
encontro que deve decidir pelo
primeiro aumento na taxa de juros
do país desde março de 1997.
A expectativa generalizada do
mercado financeiro do país é que o
Fed aumente em 0,25 ponto percentual a taxa de juros de curto
prazo (usada em empréstimos interbancários), que hoje é de 4,75%.
O anuncio será feito no início da
tarde de amanhã.
O aumento serviria para evitar a
volta da inflação e manter a economia numa trajetória de crescimento que já dura nove anos.
O índice de desemprego está em
4,2%. Ele mostra que as empresas
têm cada vez mais dificuldade de
contratar gente, e que o salário médio tem subido. Por enquanto, esse
aumento não tem sido repassado
aos preços porque as empresas
têm aumentado sua produtividade, mas ninguém sabe até quando
isso vai durar.
Na semana retrasada, em depoimento no Senado, o presidente do
Fed, Alan Greenspan, deu o principal sinal de que os juros vão subir.
Disse que "quando nós podemos
ser precavidos, devemos ser, porque modestas ações antecipadas
podem evitar a necessidade de
ações drásticas no futuro, o que
poderia desestabilizar a economia".
Na semana passada, a Bolsa de
Nova York caiu 2,8% porque os investidores passaram a acreditar
que o Fed iniciaria uma série de
aumentos de juros, como fez em
1994, ou elevaria a taxa de uma vez
em 0,5 ponto percentual.
Ontem, boas notícias no campo
econômico modificaram essa
perspectiva, apesar de a maioria
dos investidores prever que o Fed
fará dois pequenos aumentos de
juros (de 0,25 ponto percentual cada) neste ano, segundo pesquisa
feita pela agência Reuters.
O otimismo ontem fez a Bolsa de
Nova York subir 102,59 pontos
(0,97%) e fechar em 10.655,15.
Os juros dos títulos do Tesouro
americano (T-Bonds) com vencimento em 30 anos caíram para
6,1% ao ano, depois de terem atingido 6,19% na quinta passada.
"A economia está bem, a inflação
está invisível e os ganhos das empresas estão subindo", disse Bruce
Steinberg, economista chefe do
banco de investimentos Merrill
Lynch.
Analistas ouvidos pela Folha
acreditam que o provável aumento
na taxa de juros básica não provocará uma fuga de dinheiro de mercados emergentes para os Estados
Unidos.
"O pior para o Brasil é a incerteza
de que as reformas vão continuar.
Acho que a queda na Bolsa na última sexta-feira foi o maior recado
disso", disse Arturo Porzecanski,
economista-chefe para as Américas do banco ING Barings.
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