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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Quando os alimentos caem, o efeito é sentido mais rapidamente pelos que ganham menos
Queda dos preços não é igual para todos
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Salários diferentes, gastos diferentes, inflação (ou deflação) diferente. A variação dos preços é
a mesma, mas o impacto no bolso de Wilson Alves Costa, 45,
renda mensal de R$ 4.200, e Marilene Santos Barbosa, 38, R$
400, é bem diverso.
Para Barbosa, empregada doméstica, que gasta metade do
seu salário com alimentos, a redução de 18,10% no preço da batata -segundo divulgado ontem pela Fipe-, por exemplo, é
sentida na hora.
Já o efeito sobre o orçamento
de Costa, gerente de banco, é pequeno. Ele desembolsa R$ 400
mensais, o salário da empregada
doméstica, com alimentos, ou
10% de sua renda. "Não sinto
que estou pagando menos no
supermercado", diz.
Apesar da deflação, a doméstica pesquisa muito para achar
preços mais baixos. "Está difícil.
Alguns produtos estão até aumentando. E os remédios estão
mais caros", diz ela.
Ao mesmo tempo, a queda de
2,47% no preço da gasolina não
faz diferença no final do mês para a empregada doméstica, pois
ela não possui veículo.
Mas para o gerente de banco,
que tem um veículo e uma moto
na garagem, o peso é grande.
"Gasto em média R$ 70 por semana apenas com transporte. Já
deu para sentir a queda no preço. Sempre coloco gasolina no
mesmo posto, e o litro baixou R$
0,10. É pouco, mas faz diferença
no bolso", diz Costa.
Combustível e comida
A queda de 0,26% em junho no
ICV (Índice do Custo de Vida),
calculado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), atingiu com mais intensidade quem tem renda média de
R$ 934 por mês.
A variação para essa faixa de
renda foi de 0,30% no mês. Para
quem ganha mais ou menos do
que isso a redução foi menor. O
custo de vida para quem tem
renda média mensal de R$ 377 e
R$ 2.700 diminuiu 0,21% e
0,25%, respectivamente.
"Os trabalhadores com renda
intermediária sentiram tanto a
queda no preço dos alimentos
como a diminuição no preço dos
combustíveis", afirma Cornélia
Nogueira Porto, coordenadora
do ICV do Dieese.
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