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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Quando os alimentos caem, o efeito é sentido mais rapidamente pelos que ganham menos

Queda dos preços não é igual para todos

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Salários diferentes, gastos diferentes, inflação (ou deflação) diferente. A variação dos preços é a mesma, mas o impacto no bolso de Wilson Alves Costa, 45, renda mensal de R$ 4.200, e Marilene Santos Barbosa, 38, R$ 400, é bem diverso.
Para Barbosa, empregada doméstica, que gasta metade do seu salário com alimentos, a redução de 18,10% no preço da batata -segundo divulgado ontem pela Fipe-, por exemplo, é sentida na hora.
Já o efeito sobre o orçamento de Costa, gerente de banco, é pequeno. Ele desembolsa R$ 400 mensais, o salário da empregada doméstica, com alimentos, ou 10% de sua renda. "Não sinto que estou pagando menos no supermercado", diz.
Apesar da deflação, a doméstica pesquisa muito para achar preços mais baixos. "Está difícil. Alguns produtos estão até aumentando. E os remédios estão mais caros", diz ela.
Ao mesmo tempo, a queda de 2,47% no preço da gasolina não faz diferença no final do mês para a empregada doméstica, pois ela não possui veículo.
Mas para o gerente de banco, que tem um veículo e uma moto na garagem, o peso é grande.
"Gasto em média R$ 70 por semana apenas com transporte. Já deu para sentir a queda no preço. Sempre coloco gasolina no mesmo posto, e o litro baixou R$ 0,10. É pouco, mas faz diferença no bolso", diz Costa.

Combustível e comida
A queda de 0,26% em junho no ICV (Índice do Custo de Vida), calculado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), atingiu com mais intensidade quem tem renda média de R$ 934 por mês.
A variação para essa faixa de renda foi de 0,30% no mês. Para quem ganha mais ou menos do que isso a redução foi menor. O custo de vida para quem tem renda média mensal de R$ 377 e R$ 2.700 diminuiu 0,21% e 0,25%, respectivamente.
"Os trabalhadores com renda intermediária sentiram tanto a queda no preço dos alimentos como a diminuição no preço dos combustíveis", afirma Cornélia Nogueira Porto, coordenadora do ICV do Dieese.


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