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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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Centrais rejeitam usar taxa futura

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI

DA REPORTAGEM LOCAL

Reajustar os salários com base na inflação futura, como sugeriu o empresário Eugênio Staub, presidente da Gradiente, é uma idéia rejeitada por sindicalistas e criticada por economistas.
"A introdução de propostas muito exóticas pode acabar tendo efeitos negativos na economia, como cansamos de ver nos anos 80 e na primeira metade dos anos 90 com os planos de estabilização", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados.
O reajuste de salários sobre a inflação futura, diz, provocaria turbulência no planejamento econômico das empresas. "Essa não é uma boa idéia, assim como não funcionam tablitas ou outros mecanismos improvisados para controlar a economia. São medidas paliativas que não se sustentam. O que é preciso é fortalecer a competitividade das indústrias", diz.
A proposta do empresário para que o governo reduza para 8% os juros reais da economia também é vista com cautela pelo economista. "Ainda há espaço para queda dos juros, mas essa queda tem de ser lenta. Uma mudança abrupta causaria riscos e traria incertezas para os investidores. A economia não pode crescer a fórceps", afirma o economista.
Anselmo Luis dos Santos, economista da Unicamp, afirma que o reajuste de salários com base na inflação futura vai provocar perdas para o trabalhador e, portanto, não será aceita por sindicalistas. "A reposição dos salários tem de ser feita pela queda do poder de compra até a data-base da categoria. Por que essa idéia não surgiu no final do ano passado quando a inflação futura estava em alta?", pergunta o economista.
Santos diz que o poder de compra dos trabalhadores já caiu 30% nos últimos cinco anos.
"O trabalhador não pode aceitar mais perda nos salários. Essa idéia não tem cabimento. O país precisa estabelecer uma política salarial", afirma ele.
Ao ouvir de empresários a proposta de reajuste com base na inflação futura, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, rejeitou no mesmo instante a proposta.
"Não nos peçam para esquecer a inflação passada porque ela já está nos preços. Só não chegou aos salários", diz o sindicalista.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também rejeitou a idéia. "Nem em Portugal um acordo como esse seria feito."


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