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Centrais rejeitam usar taxa futura
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Reajustar os salários com base
na inflação futura, como sugeriu o
empresário Eugênio Staub, presidente da Gradiente, é uma idéia
rejeitada por sindicalistas e criticada por economistas.
"A introdução de propostas
muito exóticas pode acabar tendo
efeitos negativos na economia,
como cansamos de ver nos anos
80 e na primeira metade dos anos
90 com os planos de estabilização", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados.
O reajuste de salários sobre a inflação futura, diz, provocaria turbulência no planejamento econômico das empresas. "Essa não é
uma boa idéia, assim como não
funcionam tablitas ou outros mecanismos improvisados para controlar a economia. São medidas
paliativas que não se sustentam. O
que é preciso é fortalecer a competitividade das indústrias", diz.
A proposta do empresário para
que o governo reduza para 8% os
juros reais da economia também
é vista com cautela pelo economista. "Ainda há espaço para
queda dos juros, mas essa queda
tem de ser lenta. Uma mudança
abrupta causaria riscos e traria incertezas para os investidores. A
economia não pode crescer a fórceps", afirma o economista.
Anselmo Luis dos Santos, economista da Unicamp, afirma que
o reajuste de salários com base na
inflação futura vai provocar perdas para o trabalhador e, portanto, não será aceita por sindicalistas. "A reposição dos salários tem
de ser feita pela queda do poder
de compra até a data-base da categoria. Por que essa idéia não surgiu no final do ano passado quando a inflação futura estava em alta?", pergunta o economista.
Santos diz que o poder de compra dos trabalhadores já caiu 30%
nos últimos cinco anos.
"O trabalhador não pode aceitar mais perda nos salários. Essa
idéia não tem cabimento. O país
precisa estabelecer uma política
salarial", afirma ele.
Ao ouvir de empresários a proposta de reajuste com base na inflação futura, o presidente da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, rejeitou
no mesmo instante a proposta.
"Não nos peçam para esquecer
a inflação passada porque ela já
está nos preços. Só não chegou
aos salários", diz o sindicalista.
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
também rejeitou a idéia. "Nem
em Portugal um acordo como esse seria feito."
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