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RETOMADA
No melhor resultado desde 95, sondagem mostra que 33% das empresas classificam como boa a situação atual dos negócios
Setor industrial está mais otimista, diz FGV
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A julgar pela tendência de comportamento dos tomadores de
decisão da indústria brasileira, o
segmento está em expansão.
A Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação divulgada ontem pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas) indicou que, para
33% das empresas entrevistadas,
a situação atual dos negócios é
considerada boa. Esse é o melhor
resultado desde abril de 1995.
Em meio a uma miríade de itens
que demonstram confiança na recuperação da economia, porém,
há alguns sinais discretos de preocupação dos industriais brasileiros. Em julho do ano passado, 4%
dos ouvidos pela sondagem afirmavam que a escassez de matéria-prima representava um problema. Em julho deste ano, esse percentual subiu para 10%. Entre os
empresários do segmento de bens
de consumo, esse grau de preocupação passa para 16%.
"É um nível normal para momentos de retomada", afirmou
Aloísio Campelo, um dos responsáveis pela pesquisa da FGV. Mas
o economista diz que é também
um sinal de que é o momento de
as empresas investirem. "A hora
de investir é agora, especialmente
em bens intermediários [aço, borracha e química, por exemplo].
Não há uma previsão de gargalo
imediato, mas, sem investimentos, pode haver algum risco."
Essa alta do ritmo de crescimento da indústria tem sido impulsionada pelo aumento da demanda
interna. Para 19% das empresas, a
demanda doméstica por produtos industriais está forte. O saldo,
que calcula a diferença entre o número de empresas que consideram o nível de demanda forte e as
que o consideram fraco, ficou em
nove pontos percentuais. O resultado empata com o obtido em julho de 2000, quando a economia
brasileira atravessava um período
de expansão.
Segundo Campelo, historicamente o saldo desse item é negativo. "Em geral, os empresários tendem a dizer que a demanda vai
mal. O fato de esse indicador estar
positivo confirma que o ritmo de
crescimento está de fato bastante
forte", disse.
Para o trimestre, que vai de julho a setembro deste ano, as empresas esperam a manutenção do
crescimento e projetam um aumento do número de encomendas nos mercados interno e externo. O saldo entre os que dizem
acreditar no aumento da demanda global (externa e interna) e os
que argumentam que ela vai cair é
de 48 pontos percentuais. Esse é o
melhor saldo desde o início do
Plano Real, em julho de 1994.
Segundo 35% dos empresários,
o número de empregos também
deve aumentar, especialmente
nas indústrias de calçados, vestuário e química.
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