São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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Supermercados registram leve alta no faturamento do 1º semestre

MAELI PRADO
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A euforia com a reação da economia brasileira ainda não contagiou o setor supermercadista, cujo faturamento real (descontada a inflação) aumentou 0,1% no primeiro semestre ante igual período de 2003, segundo divulgou ontem a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). A entidade manteve sua previsão de expansão de 2% neste ano.
A reação nas vendas, segundo a associação, começou no segundo trimestre, e teve o seu pico em junho, que cresceu 5,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. "[O aumento de 0,1%] é um número ruim, sobre uma base ruim. Mas consideramos um resultado positivo porque houve recuperação nos últimos meses do semestre", afirmou João Carlos de Oliveira, presidente da associação supermercadista.
Mesmo assim, ele classificou essa recuperação como "tímida". "É uma reação, mas ainda não é uma recuperação que possamos chamar de sustentada", disse.
O crescimento das vendas dos supermercados, segundo analistas, é mais modesto do que o divulgado nas últimas semanas pelo comércio e alguns setores da indústria porque depende mais dos bens não-duráveis (alimentos)- que respondem pela maior participação no faturamento do setor.
Para um aumento relevante da venda de alimentos, é necessária uma reação mais sólida e continuada da renda, o que ainda não ocorreu. Tanto que o crescimento verificado a partir de abril, segundo Oliveira, se deu principalmente em cima da oferta de crédito para compra de bens duráveis, como eletrodomésticos.
Para Oliveira, outro fator que contribuiu para o crescimento das vendas no segundo trimestre foi o aumento do número de lojas. "Apenas em 2003 foram cerca de 13 mil lojas abertas", afirmou. Ele também citou as vendas da Páscoa, "extremamente positivas", e a recuperação do nível de emprego como razões para a reação.

Balanços
Em seus balanços apresentados ontem, o grupo Pão de Açúcar, a maior rede varejista de alimentos do país, e a Sadia, a maior fabricante de itens alimentícios, afirmam notar melhoria na demanda interna.
A cadeia de varejo registrou aumento de 2,6% no lucro líquido no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2003. O volume alcançou R$ 58,2 milhões de abril a junho de 2004. No semestre, no entanto, houve retração de 11,5% no lucro.
O setor de alimentos registrou "performance estável" nas vendas no período, destaca a empresa.
A companhia informa que verificou, quanto à venda de alimentos, "uma tendência de recuperação em junho". No mês passado, as lojas da rede tiveram alta de 2,3% na comercialização desses itens sobre junho de 2003.
"O primeiro trimestre foi muito fraco, negativo mesmo. O segundo não foi bom. Junho começou a ter uma certa retomada que se confirmou em julho, mas tudo lento ainda", disse anteontem à imprensa Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração do grupo Pão de Açúcar.
Da mesma forma, a Sadia informou ontem que "começa a observar sinais de reaquecimento da demanda por bens de consumo das principais capitais".
De abril a junho, a venda (em toneladas) de produtos da marca no mercado interno cresceu 11,5% em relação a igual período de 2003. "Em um cenário em que os níveis de renda e de emprego começam a melhorar, a companhia registrou aumento de 17,9% nas vendas de industrializados" de abril a junho, informa.
Houve alta na receita líquida do Pão de Açúcar e da Sadia.


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