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PREÇOS
Fipe projeta taxa anual de 1,37% após deflação de 0,39% na última quadrissemana; nos EUA, índice é de 1,70%
Inflação já é mais baixa que nos EUA
da Redação
Pela primeira vez na história, um
índice de inflação anual no Brasil
vai ficar, neste mês, abaixo do
norte-americano.
Em julho, a taxa dos últimos 12
meses projetada pela Fipe é de
1,37%. Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor no
mês passado ficou em 1,70%.
São os dois números mais observados nos dois países e, por isso,
são comparáveis, embora as circunscrições sejam distintas: o índice dos EUA é nacional e a Fipe
limita-se à cidade de São Paulo.
A previsão da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) foi feita ontem após ter sido
apurada deflação de 0,39% na terceira quadrissemana do mês.
(Quadrissemana é o período de
quatro semanas consecutivas que
não coincide necessariamente
com o mês do calendário.)
Trata-se da maior queda média
de preços desde setembro do ano
passado, quando foi registrado recuo de 0,58%.
Com o resultado deste mês, a inflação brasileira se aproxima também do índice anual da Alemanha,
que está em 1,20%.
A Alemanha e os Estados Unidos
são duas economias que tratam o
combate à inflação de maneira obsessiva. O Bundesbank e o Fed,
bancos centrais respectivos,
ameaçam com alta de juros ao menor sinal de pressão inflacionária.
Queda inesperada
Com o resultado da última quadrissemana, a deflação neste mês
deverá ser de 0,40%, duas vezes
mais forte do que a prevista no início do mês por Heron do Carmo,
coordenador do IPC (Índice de
Preços ao Consumidor).
A taxa de 12 meses até julho, se
confirmada a previsão da Fipe, será a menor desde outubro de 1949,
quando houve deflação de 0,50%.
A queda em relação ao 1,87% até
junho deverá ser de meio ponto.
A Fipe trabalha com a perspectiva de que a inflação vai continuar
nos próximos dois meses. A tendência deverá até ser intensificada
pela redução dos preços dos combustíveis, que praticamente não
terá impacto nos preços neste
mês. O novo preço de diesel, por
exemplo, entra em vigor hoje, três
dias antes do fim do mês.
Se a previsão de 2% para 1998 for
confirmada, será a menor da história da Fipe num ano completo.
A inflação muito baixa é sinal de
estabilidade. Mas a deflação,
quando registrada por períodos
mais prolongados, costuma estar
associada à recessão.
Queda generalizada
Os alimentos foram novamente
os responsáveis pela queda do índice de preços na terceira quadrissemana, apresentando queda generalizada. Foi registrada retração
de 1,13%. Na quadrissemana anterior, a queda havia sido de 1,06%.
Os alimentos semi-elaborados
recuaram 1,28%, puxados pela
queda de 17,25% do feijão. As carnes também estão em queda, e o
arroz já começa a subir menos.
Os preços dos produtos "in natura" apresentaram retração de
2,76%, queda menor em relação à
registrada na quadrissemana anterior (-3,27%).
O grupo habitação também contribuiu para a queda do índice geral. Na terceira quadrissemana,
apresentou queda de 0,13%. Os
aparelhos eletroeletrônicos, que
estavam subindo desde maio, recuaram 1,14%. O aluguel registrou
queda de 0,19%.
Os transportes recuaram 0,20%,
levados pela retração do custo da
manutenção do veículo (-0,54%).
Esse item inclui a gasolina e o álcool, que apresentaram retração
de 0,30% e 2,27%.
Entre os demais grupos estão as
despesas pessoais e os gastos com
saúde, que caíram 0,11% e 0,26%,
respectivamente.
A pressão de alta do vestuário
continua caindo. Na quadrissemana, o aumento foi de 0,49%, contra 1,40% da anterior.
O grupo educação apresentou
alta de 0,13%.
Em agosto, a deflação deve ser
maior, principalmente pela pressão de queda do vestuário, devido
às liquidações, e dos preços dos
combustíveis. Mas a taxa acumulada em 12 meses poderá até subir,
porque em agosto de 97 a deflação
foi forte, chegando a 0,76%.
Colaborou
Alessandra Kianek, da Redação
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