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CAMINHONEIROS
Setor põe culpa no governo
Empresários dão apoio velado à greve
da Sucursal de Brasília
A greve dos caminhoneiros
conta com uma simpatia velada
por parte de segmentos empresariais, especialmente daqueles que
não trabalham com cargas perecíveis.
Embora haja receio de que um
apoio aberto à greve seja interpretado como locaute, os empresários consideram pertinentes e
chegam a repetir reivindicações
dos caminhoneiros.
A Folha apurou que ontem, em
Brasília, numa reunião informal,
empresários do setor de transporte de cargas chegaram à conclusão
de que o principal culpado pela
paralisação é o governo, que tratou com descaso os problemas do
setor.
Os empresários brasilienses torcem para que haja consenso entre
grevistas, empresas e governo,
mas ao mesmo tempo reconhecem o mérito dos caminhoneiros,
que conseguiram -ainda que de
uma forma radical- mostrar o
que consideram mazelas do
transporte rodoviário no país.
As queixas comuns vão desde
os cortes no orçamento do Ministério dos Transportes em investimentos e recuperação de rodovias
até o aumento dos combustíveis
associado aos preços internacionais, passando ainda pelos pedágios. Tudo isso aumenta os custos
das empresas transportadoras.
"Vários itens das reivindicações
dos caminhoneiros são justos,
coerentes e antigos. O governo sabe da maioria dos problemas há
15, 20 anos", disse à Folha Romeu
Nerci Luft, presidente da Associação Nacional das Empresas de
Transporte de Cargas.
Luft, entretanto, fez ressalvas
quanto ao apoio dos empresários
ao movimento. "Não podemos
apoiar essa greve, por mais justas
que sejam as reivindicações. Não
dá para admitir essa atitude irresponsável de um movimento sem
dono, que não tem uma liderança
e que não sabe como acabar",
afirmou.
(WILLIAM FRANÇA)
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