São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAMINHONEIROS
Setor põe culpa no governo
Empresários dão apoio velado à greve

da Sucursal de Brasília

A greve dos caminhoneiros conta com uma simpatia velada por parte de segmentos empresariais, especialmente daqueles que não trabalham com cargas perecíveis.
Embora haja receio de que um apoio aberto à greve seja interpretado como locaute, os empresários consideram pertinentes e chegam a repetir reivindicações dos caminhoneiros.
A Folha apurou que ontem, em Brasília, numa reunião informal, empresários do setor de transporte de cargas chegaram à conclusão de que o principal culpado pela paralisação é o governo, que tratou com descaso os problemas do setor.
Os empresários brasilienses torcem para que haja consenso entre grevistas, empresas e governo, mas ao mesmo tempo reconhecem o mérito dos caminhoneiros, que conseguiram -ainda que de uma forma radical- mostrar o que consideram mazelas do transporte rodoviário no país.
As queixas comuns vão desde os cortes no orçamento do Ministério dos Transportes em investimentos e recuperação de rodovias até o aumento dos combustíveis associado aos preços internacionais, passando ainda pelos pedágios. Tudo isso aumenta os custos das empresas transportadoras.
"Vários itens das reivindicações dos caminhoneiros são justos, coerentes e antigos. O governo sabe da maioria dos problemas há 15, 20 anos", disse à Folha Romeu Nerci Luft, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas.
Luft, entretanto, fez ressalvas quanto ao apoio dos empresários ao movimento. "Não podemos apoiar essa greve, por mais justas que sejam as reivindicações. Não dá para admitir essa atitude irresponsável de um movimento sem dono, que não tem uma liderança e que não sabe como acabar", afirmou. (WILLIAM FRANÇA)

Texto Anterior: Greve começou a ser pensada há 1 ano
Próximo Texto: Produtores rurais apóiam protestos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.