São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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O LÍDER
Líder preside sindicato no Rio e usou programa em rádio para divulgar movimento
Greve começou a ser pensada há 1 ano

da Reportagem Local

A maior greve de caminhoneiros já realizada no país começou a ser pensada há mais de um ano, no Rio de Janeiro.
O líder dos grevistas, Nélio Botelho, que se auto-intitula porta-voz do Movimento União Brasil Caminhoneiro, é dirigente de uma cooperativa de carreteiros carioca. Ele também é presidente de um sindicato de caminhoneiros no Rio.
Desde o ano passado, Botelho vem contatando caminhoneiros de outros Estados por meio de fax, telefone ou correio.
Seus apoiadores afirmam ter um cadastro volumoso de motoristas em todos os Estados. Na semana passada, eles fizeram circular pelo país panfletos com uma pauta de reivindicações e com as datas da greve.
Botelho também é radialista e utilizou seu programa diário na Rádio Globo, no Rio de Janeiro, para divulgar as reivindicações e organizar a greve.
O líder dos grevistas faz algumas entradas na programação da rádio durante a madrugada, em uma espécie de serviço de utilidade aos caminhoneiros.
A atuação de Nélio Botelho na greve despertou reações de outros sindicalistas, que não o reconhecem como uma liderança.
José da Fonseca Lopes, presidente da Federação Interestadual dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral de SP, MG, MT e MS, diz que as reivindicações são antigas, e que o movimento cresceu de forma espontânea. "Botelho fala o que os caminhoneiros querem ouvir."
Na opinião dessas lideranças, que ontem participavam de uma reunião de negociação com o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha (PMDB-RS), o movimento liderado por Botelho ganhou repercussão devido ao momento crítico da categoria.
Comenta-se que a adesão maior à greve vem dos caminhoneiros não sindicalizados.
As transportadoras de carga criticam a greve, mas dizem que as reivindicações são justas.
Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (NTC), as suas filiadas não estão colocando as frotas para rodar. Para Romeu Nerci Luft, presidente da NTC, as reivindicações são antigas, mas o governo não fez nada pela categoria nos últimos anos.
(MAURÍCIO ESPÓSITO)


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