São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Copom reduz mais do que o previsto taxa de 21%, mas abandona a tendência de baixa
BC surpreende e corta juro para 19,5%

da Sucursal de Brasília

O Banco Central decidiu ontem promover uma redução de juros mais ousada que a esperada pelo mercado financeiro, mas em compensação suspendeu a indicação de tendência de baixa que havia desde março.
Os juros básicos da economia -que servem de referência para as taxas cobradas no mercado- caíram de 21% para 19,5% ao ano. O mercado esperava uma queda entre 0,5 e 1 ponto percentual, ou seja, para até 20%.
A nova taxa vigorará até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC (colegiado formado pelos diretores da instituição), marcada para 1º de setembro.
Até então, havia um mecanismo chamado viés (tendência) de baixa, que permitia ao presidente do BC, Armínio Fraga, decidir pela redução dos juros sem consulta ao Copom.
A reunião de ontem do Copom demorou mais que o normal. As decisões, que costumam ser divulgadas por volta das 20h, só foram anunciadas às 22h15.
O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Guimarães, disse que o principal motivo para a queda dos juros foi a expectativa de inflação baixa para o "médio prazo".
Pela nova política do BC, são fixadas metas para a inflação -neste ano, 8%- e os juros são fixados para atingi-las.
Nos últimos dias, o mercado chegou a duvidar da possibilidade de redução dos juros, temendo que a instabilidade econômica na Argentina obrigasse o BC a manter taxas elevadas para atrair investidores estrangeiros. O BC diz que esse tipo de prática está superada.
Apesar de o Copom ter tido que tomar uma decisão difícil, o diretor do BC disse que a demora da reunião se deveu apenas à necessidade de examinar mais indicadores. Com a política de metas inflacionárias, explicou, mais dados devem ser analisados.
Quanto à ausência do viés, Figueiredo disse que não há necessidade de usar o mecanismo agora.
"O viés dava liberdade quando estávamos saindo de uma situação de estresse (a maxidesvalorização do real). Estamos entrando em uma situação de normalidade."
Ele negou que a taxa de 19,5%, sem viés, signifique um limite para a variação dos juros. "Não quer dizer piso, não quer dizer teto, não quer dizer nada."
Na reunião de ontem, o BC reduziu a chamada meta para a taxa Selic (média das operações de um dia vinculadas a títulos federais), que é conhecida como taxa básica porque tem forte influência sobre os juros de toda a economia.
Na prática, a taxa de juros já estava abaixo da antiga meta para a taxa Selic. Ontem o BC operou com uma taxa efetiva de 20,76% anuais, para uma meta de 21%. Desde 23 de junho, o BC vem reduzindo seus juros informalmente em 0,01 ponto percentual por dia.
Foi a décima redução na meta da taxa Selic desde março passado, quando o BC elevou os juros a 45% anuais.


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