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FUNDO DO POÇO
Planejamento admite que política econômica derrubou PIB, mas diz que ela vai permitir a volta do crescimento
Governo vê na crise caminho para retomada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que fez
uma defesa da política econômica, o governo admitiu ontem que
ela foi responsável pela queda do
PIB no segundo trimestre. Deixa
claro, porém, que foi essa política,
com corte de gastos e juros altos,
que permitirá a retomada do crescimento a partir de agora.
"A firmeza na condução da política econômica resultou em melhoria significativa de todos os
fundamentos macroeconômicos,
permitindo reversão gradual das
políticas contracionistas desde junho último", afirma nota divulgada ontem pelo Ministério do Planejamento sobre o resultado do
PIB. A expectativa, diz o documento, é um aumento da atividade econômica já neste trimestre.
O BC, por sua vez, nega que o
país esteja em recessão. "Não se
trata propriamente de um quadro
recessivo na atividade econômica,
uma vez que a desaceleração não
é generalizada e algumas atividades importantes, como a agricultura e setores ligados à exportação, vêm apresentando elevadas
taxas de crescimento", diz o BC,
que fez sua análise antes dos dados divulgados ontem.
A afirmação consta na ata da
mais recente reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária do
BC), que reduziu os juros para
22% ao ano na semana passada. O
documento foi divulgado pouco
antes de o IBGE informar os dados do PIB do primeiro semestre.
A retração da economia no segundo trimestre foi maior do que
a esperada pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada). A
última projeção oficial do instituto, feita em junho, era uma queda
de 0,9% do PIB no segundo trimestre em relação ao primeiro. A
queda foi, na realidade, de 1,6%.
"Os resultados do PIB no segundo trimestre [...] refletem os ajustes monetário e fiscal que o governo foi obrigado a implementar
para debelar os choques adversos
ocorridos em 2002 e conter as expectativas inflacionárias dos
agentes econômicos", reconhece
a nota do Planejamento.
Para o BC, a queda dos juros
ocorrida nos últimos meses deve
fazer o país voltar a crescer, principalmente a partir do fim do ano.
Ontem, o presidente da instituição, Henrique Meirelles, defendeu, durante seminário em Brasília, a atual política econômica.
"Governos devem se pautar por
realismo, não por ideologia. Não
vamos ceder à tentação fácil de repetir os erros do passado, o que
poderia, por exemplo, trazer de
volta a inflação", disse, em uma
referência indireta às críticas de
que o BC deveria reduzir os juros
de forma mais acelerada.
Poder de compra
Para o Ministério do Planejamento, "políticas monetária e fiscal mais expansionistas [pró-crescimento] e inflação cadente
começam a se fazer sentir pela elevação do poder de compra dos salários e aumento das vendas".
Ainda de acordo com o Planejamento, os estoques indesejados
na indústria começaram a diminuir desde junho, e a produção de
papelão ondulado para embalagem, importante indicador do nível de atividade econômica, cresceu 8% nas primeiras quatro semanas deste mês.
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