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Construção civil leva tombo maior
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do desempenho medíocre do setor industrial no primeiro semestre deste ano, a construção civil sobressaiu de maneira
mais negativa: foi o único subsetor da indústria a apresentar queda, de 6,5%, no acumulado do
primeiro semestre em relação ao
mesmo período de 2002. O tombo
da construção civil no segundo
trimestre deste ano foi de 11,1%
sobre igual trimestre ano passado.
Pelo levantamento do IBGE, o
subsetor de serviços industriais
de utilidade pública (2,2%), a indústria de extração mineral
(1,9%) e mesmo a de transformação (0,8%) tiveram resultados positivos no semestre passado.
""A construção civil se alimenta
de investimentos que todos os setores fazem no Brasil, seja governo, famílias, indústria ou comércio", argumenta Eduardo Zaidan,
vice-presidente do Sinduscon-SP.
""Em época recessiva, como essa
dos últimos anos, o primeiro item
a desaparecer é o investimento, e
o setor não cresce", completa.
A piora dos indicadores de desempenho é seguida pelo nível de
emprego. De acordo com o Sinduscon-SP, de janeiro a maio (o
dado mais recente) foram fechadas 17,27 mil vagas na construção
civil somente em São Paulo. Segundo o Ministério do Trabalho,
até o final de maio, o setor empregava (de maneira formal) 1,146
milhão de trabalhadores em todo
o Brasil. Em 1997, último ano de
crescimento do emprego nessa
indústria, havia 1,215 milhão de
trabalhadores formais.
A queda do PIB da construção
civil no último semestre havia sido antecipada por uma série de
indicadores de segmentos coligados. De janeiro a junho, segundo
a Abinee (representa empresas de
telefonia, energia e eletrônica), as
vendas de material elétrico de instalação, usado em segmentos como habitação, recuaram 14%.
No mesmo período, a demanda
por cimento caiu 10,4% sobre o
primeiro semestre do ano passado, segundo o Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento).
""O consumo de cimento reflete
apenas a queda da renda da população, que não tem como gastar
em construção e reformas, e a falta de investimentos na construção
civil, não apenas em edificação,
mas em infra-estrutura. As obras
no país de modo geral estão paradas", afirma José Otávio Carvalho, secretário-executivo do Snic.
Semelhante avaliação parte do
Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial). ""O
declínio da construção civil reflete
a falta de flexibilidade fiscal do governo. Faz falta uma política pública de habitação e saneamento",
diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
O vice-presidente do Sinduscon-SP afirma que uma recuperação do setor, mesmo que ocorra
aquecimento da economia no último trimestre do ano, somente
seria perceptível a partir de meados de 2004. ""Confirmada uma
melhora no último trimestre deste ano, o começo de 2004 vai servir para a economia como um todo formar alguma poupança. Somente então é que começam a
maturar os projetos", diz Zaidan.
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