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Governo anuncia medidas que podem frear queda do dólar
Prazo para Tesouro comprar moeda a fim de antecipar pagamento de dívidas dobra; exportador ganha tempo para internar recurso
Agora, governo poderá
adquirir moeda até um ano
antes do vencimento do
débito; empresas terão 24
meses para trazer dinheiro
SHEILA D'AMORIM
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo reforçou, ontem,
seu arsenal para tentar conter a
valorização do real e dobrou o
prazo para o Tesouro Nacional
comprar antecipadamente no
mercado os dólares necessários
para quitar seus compromissos
no exterior. Além disso, garantiu aos exportadores mais tempo para manter, fora do país, o
dinheiro obtido com a venda de
seus produtos no mercado internacional.
Ontem, o dólar caiu 0,79% e
fechou a R$ 2,14. No mês, a
moeda acumula queda de
1,65%. No ano, de 7,96%.
As medidas publicadas no
"Diário Oficial" da União tentam, por um lado, elevar a demanda por dólares no mercado
interno num momento em que
a cotação da moeda estrangeira
está baixa. Por outro, atrasar a
entrada de novos recursos no
Brasil em razão do crescimento
do comércio exterior.
No caso específico do Tesouro, a autorização para adquirir
hoje os dólares que serão usados para quitar dívidas que
vencerão em até um ano deverá
abrir espaço para compras extras entre US$ 3,5 bilhões e
US$ 5 bilhões no mercado nos
próximos meses, segundo cálculos de analistas financeiros.
Essa estimativa é feita com
base nos vencimentos de dívida
externa para 2007 sob a responsabilidade do Tesouro. Como o prazo anterior era de seis
meses, só era possível antecipar hoje as compras de dólares
para quitar dívidas que venceriam até fevereiro de 2007. A
mudança autorizou o Tesouro
a adquirir antecipadamente o
montante referente à compromissos até setembro de 2007.
"Esse valor [a mais que poderá ser comprado] vai depender
de quanto o Tesouro Nacional
já recomprou de dívida externa
referente a 2007 na estratégia
de redução do fluxo de pagamentos até 2010", argumenta o
economista Caio Megale, da
Mauá Invest.
As empresas e investidores
em geral que têm dívida lá fora
também terão o mesmo prazo
de um ano para comprar os dólares. Até então, a operação só
poderia ser feita com dois meses de antecedência.
Trajetória futura
Do lado dos exportadores,
uma mudança no fluxo está
condicionada à expectativa deles em relação à trajetória futura da taxa de câmbio. Se acreditarem que a tendência é de continuidade da valorização do
real, não fará diferença o aumento do prazo, que passou de,
no máximo, 19 meses (570 dias)
para 24 meses (720 dias).
Isso porque será mais vantagem ingressar logo com os dólares no país, trocando por uma
maior quantidade de reais, do
que correr o risco de esperar alguns meses e a taxa ficar mais
desfavorável.
"As medidas vão na linha de
flexibilizar o mercado de câmbio, o que é bom. No entanto,
elas claramente têm o objetivo
de evitar que o real se valorize
mais ou até produzir alguma
desvalorização na margem",
avalia Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central. No
caso das importações, não houve alteração do prazo.
Bancos de câmbio
Além das mudanças nos normativos cambiais, o BC colocou, ontem, para consulta pública uma proposta para autorizar a constituição de bancos específicos para operar com câmbio. A idéia é antiga no BC para
tentar aumentar a concorrência nesse segmento.
Pelas regras atuais, quem
quiser operar com câmbio e
trabalhar, por exemplo, com financiamento a exportação e
importação, é obrigado a constituir uma instituição financeira com várias carteiras além da
de câmbio.
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