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sociais&cias.
Empresas promovem inclusão via artes
Ensino "artístico" pode desfrutar de benefícios fiscais voltados a atividades culturais, como os previstos na Lei Rouanet
Aulas de música tornam-se instrumento de capacitação profissional e socialização; para deficientes, dança ajuda desenvolvimento
JULIANA GARÇON
DA REDAÇÃO
O ensino de atividades artísticas, amparado numa rede de
atendimento, funciona como
um meio de inclusão social. Para apoiá-los, as empresas podem usar benefícios fiscais como a Lei Rouanet, que permite
abatimento de até 4% no Imposto de Renda, para pessoas
jurídicas, dos valores doados a
projetos culturais. Conforme a
doação e o IR devido, o patrocínio pode sair "de graça".
Instituto Baccarelli, na favela
de Heliópolis, e Meninos do
Morumbi, presente em sete favelas da zona sul paulistana,
ambos mantidos por grandes
empresas e voltados a crianças
e adolescentes carentes, são
exemplos de como aulas de música se convertem em instrumentos para estimular a freqüência e o bom rendimento
escolar e podem criar uma opção de carreira profissional.
Além, naturalmente, de despertar a sensibilidade artística
e a capacidade de expressão, resultando em elevação da auto-estima, e reforçar o sentido de
socialização -embora voltados
a carentes, os dois projetos
aceitam jovens de fora da comunidade a fim de evitar estigmatização e "guetização".
"Quando começamos, as escolas nos mandaram os alunos
mais problemáticos", diz Edmilson Venturelli, diretor do
Baccarelli, que cobra dos jovens performance na escola para permanecer no programa.
Com orçamento de R$ 2,1
milhões canalizado por companhias como a Petrobras e o
Banco VW e os benefícios oferecidos pela Lei Rouanet, o instituto aposta em educação profissionalizante: os alunos são
capacitados para trabalhar em
orquestras. O programa do
Baccarelli é desenvolvido em
três etapas, cada um com orçamento e patrocinador próprios,
e atende a cerca de 500 jovens.
O contato das crianças com a
música acontece no coral. Daí
os adolescentes seguem para a
Orquestra do Amanhã, na qual
aprendem a tocar um instrumento. Na Sinfônica Heliópolis, recebem educação musical
sofisticada, com professores especializados. O maior aporte é
de R$ 1,1 milhão, da Petrobras,
para a orquestra. "As empresas
precisam acreditar mais no incentivo à cultura e lembrar que
eles dão ganhos na tesouraria.
Acho que temem chamar a
atenção do fisco", diz.
Sandra Faria, superintendente da Fundação Abrinq,
avalia que as artes desempenham papel importante em situações de exclusão porque podem significar uma forma de
trabalho, como no caso do Baccarelli, ou uma ponte para a inserção em novas relações.
Esse "anzol" é adotado pela
Meninos do Morumbi, parceira
de empresas como Pão de Açúcar, AMD, Nestlé e Sadia. A
ONG oferece, além das oficinas
de música e dança, cursos de inglês e informática. "Fisgados"
pela música, os jovens têm
acesso a programas como o Meninos do Linux, que dá treinamento em software livre.
Já a ONG Avape adota atividades artísticas para estimular
o desenvolvimento e a auto-estima de pessoas com deficiência mental ou física. O Avape na
Dança assiste um grupo de 650
participantes, a maioria jovens,
com R$ 300 mil doados, via Lei
Rouanet, pela Visteon.
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