São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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Gasto em projeto prioritário não decola

Até julho, governo gastou apenas 13,3% do total de recursos previstos no PPI, que inclui obras na área de infra-estrutura

Tesouro diz que o importante é que gasto em investimento cresce sobre 2006; governo já economizou R$ 47,695 bi para o pagamento de juros

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de comemorar o crescimento nas despesas com investimento neste ano, o governo federal só gastou, entre janeiro e julho, 13,3% do total de recursos que têm para seus projetos prioritários em 2007. Nos sete primeiros meses do ano, foi investido apenas R$ 1,5 bilhão no chamado PPI (Projeto Piloto de Investimento), com obras na área de infra-estrutura como rodovias.
O volume total de recursos previsto para ser gasto até dezembro é de R$ 11,3 bilhões. Isso significa que o governo precisará executar daqui para a frente R$ 1,9 bilhão por mês para atingir a meta de investimento nesses projetos. "Esse volume de recursos só foi autorizado em maio. Como há investimentos novos, isso exige um período de maturação. Esse valor total é o limite autorizado pelo Congresso", justificou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Na avaliação dele, o mais importante é que o governo vem conseguindo elevar o nível de investimento total ante 2006. Os números divulgados ontem mostram que, de janeiro a julho, o governo investiu R$ 6,727 bilhões. No mesmo período de 2006, esse valor era de R$ 5,520 bilhões, o que representa um crescimento de 22%.
O secretário destacou que esse crescimento ocorreu mesmo com o aumento do esforço fiscal do governo no período. Nos sete primeiros meses de 2007, o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) economizou R$ 47,695 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública. O valor já está acima da meta prevista pelo governo até agosto: R$ 43,7 bilhões.

Receita x despesa
"A razão para o aumento do superávit primário não está na redução do investimento. Isso ocorreu porque as despesas vêm crescendo em ritmo não tão forte quanto as receitas", diz Augustin. De janeiro a julho, as receitas tiveram uma expansão de 13,2% em relação a igual período de 2006, e as despesas, de 12,9%.
Puxou o crescimento das receitas o aumento da arrecadação de Imposto de Renda das empresas e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Só esses dois tributos garantiram um adicional de receita de R$ 9,1 bilhões. Pelo lado das despesas, a pressão veio dos gastos com pessoal, benefícios sociais e previdenciários.
Para o analista da Consultoria Tendências Denis Blum, os números comprovam que o esforço fiscal vem sendo obtido pelo alta das receitas, e não pela redução de despesas.
Ele afirma que, ao analisar os últimos 12 meses, observa-se que os gastos com pessoal passaram de 4,38% do PIB para 4,6%. Já as despesas da Previdência saíram de 7% para 7,2%. O analista afirma que mesmo o R$ 1,5 bilhão investido no PPI de janeiro a julho esconde uma realidade menos alentadora. "Desse total, apenas um terço é referente ao Orçamento deste ano. O restante foi contratado em exercícios anteriores", afirmou, referindo-se aos restos a pagar embutidos no valor divulgado pelo Tesouro.


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