São Paulo, Domingo, 29 de Agosto de 1999
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Fim dos Subsídios
Abertura em outros países ajuda dívida

Ricos perdem com proteção, diz Machinea

de Buenos Aires

A Argentina não poderá pagar sua dívida externa, caso os países que protegem a agricultura, como EUA , União Européia e Japão, não abram seus mercados, diz Victor Eduardo Machinea, diretor Nacional de Alimentação.
Segundo Machinea, enquanto os países ricos não perceberem claramente que têm prejuízos com a proteção, não abrirão seus mercados agrícolas para os países emergentes.
Machinea faz parte do grupo de céticos, que acreditam que na Rodada do Milênio da OMC (Organização Mundial do Comércio), não será possível conseguir muitos avanços na área.
"Mas, em algum momento, o FMI (Fundo Monetário Internacional) vai perceber que esse sistema internacional é tão injusto que é insustentável a médio prazo", diz ele.
Apenas em 98, analistas estimam que a Argentina deixou de exportar US$ 10 bilhões em produtos agrícolas devido aos subsídios dos países ricos ao setor. O valor é equivalente a quase o dobro do déficit fiscal estimado pelo governo argentino para este ano, US$ 5,1 bilhão. Uma outra maneira de medir a importância desse recurso é que ele equivale ao aumento da dívida externa argentina este ano.
"Se as taxas de juros internacionais estão subindo, o mercado de capitais externo está mais fechado e os países não permitem que geremos divisas com exportações, como vamos pagar a dívida", conclui Machinea.

Em busca de estratégias
Hoje, termina a reunião do grupo Cairns, associação de 15 países que lutam contra os subsídios agrícolas. O objetivo do encontro, que contou com a presença do Canadá, Austrália, Argentina e Brasil, entre outros, foi traçar um estratégia comum para negociar junto à OMC, em novembro, o início da liberalização agrícola.
Marcus Pratini de Moraes, ministro de Agricultura brasileiro e representante do Brasil junto ao Cairns, concorda com Machinea, que apenas quando os países centrais perceberem que podem ter prejuízos irão abrir os mercados.
Segundo ele, no entanto, os governos europeus já estão sendo pressionados pelos consumidores dos seus países para abrir o comércio agrícola.
Pratini afirma que os consumidores da UE arcam com preços mais altos para poder financiar os subsídios à produção agrícola e não estão satisfeitos. Pratini também argumenta que se os países não abrirem seus mercados, o Brasil não poderá aumentar suas importações, por falta de divisas, o que é outro prejuízo para eles.


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