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SINAL VERDE
Reserva da Petrobras para absorver variação dos preços externos se esgota; valor do barril em NY vai a US$ 49,90
Lula dá aval para aumento dos combustíveis
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já deu aval à Petrobras para
anunciar em breve um aumento
do preço dos combustíveis devido
à alta do barril de petróleo no
mercado internacional. Motivo:
esgotou-se uma reserva de até
US$ 2 bilhões da empresa para
absorver variações do preço externo do produto.
Oficialmente, governo e Petrobras negam ingerência política no
reajuste dos combustíveis. Teoricamente, a estatal é independente,
mas Lula e os ministros Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e Dilma
Rousseff (Minas e Energia) são
sempre consultados e informados
pelo presidente da Petrobras, o
ex-senador José Eduardo Dutra
(PT-SE), quando o assunto é alta
dos preços. Ontem, Dutra disse
que a companhia ainda não decidiu se fará o reajuste.
A Petrobras vinha "segurando"
o aumento por uma razão técnica
e outra política, segundo a Folha
apurou. A técnica era a decisão de
aguardar por tempo mais longo
as recentes variações, quase sempre para cima, do preço do barril
do petróleo no mercado internacional e avaliar se isso configurava
mudança de patamar.
Ontem, o barril fechou a US$
49,90 em Nova York, a maior cotação da história. Desde o começo
do ano, a commodity registra alta
de 52%. No período, houve um
reajuste de preços no Brasil -em
junho, a gasolina subiu 10,8% e o
diesel, 10,6% nas refinarias.
A demora em repassar os aumentos das cotações internacionais fez a estatal registrar uma
perda de receita de R$ 700 milhões neste ano, segundo a consultoria CBIE (Centro Brasileiro
de Infra-Estrutura). A cifra é contestada pela Petrobras.
Ou seja, se o aumento veio para
ficar no mercado internacional, a
Petrobras deveria fazer um reajuste para recompor seu preço
nesses parâmetros, apesar de produzir cerca de 90% do petróleo
consumido no Brasil.
Como o "colchão" (reserva) para absorver essas variações no
mercado internacional está esgotado, a Petrobras avalia que precisa reajustar o preço da gasolina.
Já a motivação política que retardava o aumento atendia pelo
nome de eleições municipais.
O governo tinha a preocupação
de aumentar a gasolina na temporada eleitoral e assim prejudicar a
imagem dos candidatos do PT e
dos partidos aliados nas eleições
do próximo domingo, quando se
realiza o primeiro turno.
Nos últimos dois dias, em reuniões no Palácio do Planalto, Lula
debateu com auxiliares a conveniência de um aumento do preço
dos combustíveis. Concluiu-se
que deveria ser dado "sinal verde"
para a Petrobras, o que foi feito.
O temor de um efeito negativo
nas eleições é menor hoje. Auxiliares do presidente argumentaram que duas notícias negativas
nas últimas duas semanas não
abalaram eleitoralmente os candidatos do PT e dos aliados.
Foram elas o aumento da taxa
básica de juros (Selic) em 0,25
ponto percentual e a elevação do
superávit primário neste ano. A
Selic passou de 16% para 16,25%
ao ano. E a meta fiscal -economia para o pagamento de juros-
foi elevada de 4,25% para 4,5% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Assim, o Palácio do Planalto
avalia que não há como evitar um
aumento da gasolina quando o
preço do barril de petróleo está
perto de US$ 50. A questão eleitoral passou a pesar menos.
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