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SINAL VERDE
Crise na Nigéria é o principal motivo para a indefinição, diz Dutra
Alta dos derivados não está decidida
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da disparada do preço
internacional do petróleo devido
à crise na Nigéria, o presidente da
Petrobras, José Eduardo Dutra,
disse que a estatal ainda não decidiu se aumentará o preço dos
combustíveis. Um dos motivos da
indefinição, afirma Dutra, é justamente o conflito no país africano,
que alterou a tendência das cotações no mercado internacional.
Segundo ele, a empresa continua monitorando o mercado em
busca de uma maior estabilidade
antes de optar por um reajuste. O
objetivo, diz ele, é não transferir
as volatilidades do cenário externo para os preços domésticos.
Na sexta-feira passada, Dutra
havia dito que aguardaria mais
dez dias antes de definir um aumento. Ontem, afirmou que a situação já mudou: "Entre o que eu
falei na semana passada e hoje já
existem outros fatos como o início da crise de produção na Nigéria".
Preocupação
Indagado se o preço recorde do
petróleo é um fator de preocupação, respondeu: "O mundo todo
está preocupado com o preço do
petróleo. E eu, como habitante do
mundo, também estou preocupado, mas não há nenhuma novidade por parte da Petrobras em relação à mudança de preço no Brasil".
Dutra reclamou que foi mal-interpretado na sexta-feira passada,
quando disse, segundo ele, que
havia indícios de que o preço do
óleo poderia definir um novo patamar. Ele afirmou que não fez referência às eleições ao falar nos
dez dias.
"Não vou fazer análise porque,
quando falei na semana passada
que nos próximos dias teríamos
mais elementos para formar uma
convicção a respeito de preço, disseram que a gente iria aumentar
[a gasolina] depois das eleições",
disse Dutra, que participou ontem da cerimônia de conclusão
das obras da P-43. A construção
da plataforma, que irá operar no
campo de Caratinga (bacia de
Campos), atrasou 18 meses.
Perdas
A demora em repassar os aumentos das cotações internacionais fez a estatal registrar perda de
receita de R$ 700 milhões neste
ano, segundo a consultoria CBIE
(Centro Brasileiro de Infra-Estrutura).
O diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, contesta a eventual redução de faturamento. Diz que a estatal não perde porque seus custos de produção são em reais, ou seja, menores
do que os das concorrentes internacionais e do que os embutidos
nos preços de referência.
Para Helder Queiroz, especialista do Grupo de Economia da
Energia do Instituto de Economia
da UFRJ, sempre existe "uma tentação, de qualquer Executivo", em
conter reajustes às vésperas das
eleições.
Isso, diz, não é uma "exclusividade" do governo Lula. Ele lembra das eleições presidenciais de
2002, quando o dólar bateu em R$
4 e a estatal ficou mais de três meses sem aumentar os preços.
Embora não defenda um alinhamento automático, Queiroz
afirma que o problema é que o
preço internacional sobe continuamente desde meados de 2003,
superando o patamar utilizado
pela estatal em seu último reajuste
-em junho (alta de 10,8% para a
gasolina), quando a referência era
de US$ 35 a US$ 37 o barril.
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