São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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Para sindicato, governo foi "autoritário"

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancários reagiram ontem à informação de que o governo iria determinar o corte do ponto dos grevistas dos bancos federais e consideraram a atitude "autoritária" e "repressiva". Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, "nem governo, nem bancos podem usar essa arbitrariedade. Isso é assédio moral".
Para o diretor-executivo da CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários), Deli Soares, a ameaça "não tem cabimento" e representa um "retrocesso ao autoritarismo". "Dessa forma o governo não vai controlar a greve. As ameaças só fazem os funcionários se unirem ainda mais."
O coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), Magnus Apostólico, disse que não entende essa atitude como ameaça do governo. "É natural que se paguem os dias trabalhados e se descontem os parados. Sempre negociamos isso, seja em forma de desconto ou de compensação."
Ontem, o porta-voz da Presidência, André Singer, disse que não cabe ao presidente Lula "decidir sobre eventuais cortes de ponto" dos bancários, em greve há duas semanas.
Hoje bancários e representantes das instituições financeiras se reúnem em audiência de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo.
Os bancários pedem reajuste de 25%, além de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no valor de um salário mais R$ 1.200 fixos. A Fenaban ofereceu reajuste de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salários até R$ 1.500. Acima dessa faixa, 8,5%. A PLR era de 80% do salário mais R$ 705 fixos, além de pagamento de vale-alimentação extra de R$ 217.
Na Paraíba, o TRT concedeu liminar em ação que pedia a ilegalidade da greve dos bancários no Estado, que completava 12 dias. A decisão foi provocada por uma ação do MPT (Ministério Público do Trabalho), que pediu multa de R$ 100 mil por dia caso a decisão da Justiça seja desrespeitada.
No Ceará, a maioria dos bancos públicos de Fortaleza permaneceu ontem sem funcionar, apesar da decisão do TRT que considerou a greve abusiva no Estado e determinou que 40% da categoria volte ao trabalho.
Pela decisão, que começou a valer na segunda-feira, a multa em caso de descumprimento é de R$ 50 mil por dia.
Em Mato Grosso, o TRT também concedeu liminar, a pedido do MPT, em que determina a manutenção mínima de 30% dos serviços nas agências. Se a decisão não for cumprida, a multa diária nesse caso é de R$ 50 mil.


Colaboraram a Folha Online, a Sucursal de Brasília e a Agência Folha

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