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O EMPREGADO
Para bancários, há abuso em repressão
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, Luiz
Claudio Marcolino, disse que os
bancários tentam retomar as negociações, mas os bancos não
querem renegociar sua proposta.
O sindicalista afirma que os bancos estão reprimindo a greve com
uso de violência policial e que ele
procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para denunciar abusos.
(CR)
Folha - O que emperra as negociações entre bancos e bancários?
Luiz Claudio Marcolino - Na verdade, processo de negociação não
foi retomado desde o dia em que
entramos em greve. Solicitamos
aos bancos a reabertura da negociação na semana passada.[...]
Mas a Fenaban está radicalizando
e não tem interesse em retomar a
negociação. Queremos negociar e
a outra parte não tem interesse.
Folha - As reivindicações da categoria são justas?
Marcolino - São justas porque o
bom desempenho do sistema financeiros nos últimos anos demonstra que é possível os banqueiros pagar esse aumento. Em
1994, os 11 maiores bancos tiveram lucros R$ 1,3 bilhão. Em
2003, esses mesmos bancos acumularam lucros da ordem de R$
13,8 bilhões, o que dá um acréscimo de mais de 1.000%. Nesse
mesmo período, os salários não
subiram nessa proporção [levantamento do sindicato feito pelo
Dieese mostra que os gastos com
despesa de pessoal cresceram,
nesse período, 40,6%].
Folha - A Fenaban diz que a proposta recusada pela categoria foi
construída em parceria com os sindicatos. Por que ela foi rejeitada?
Marcolino - A negociação de fato
existiu. A Fenaban, na sua primeira proposta, ofereceu 6% de reajuste e rejeitamos na negociação.
Na segunda proposta, foram oferecidos reajustes de 8,5% a
12,77%, que foram recusados pela
assembléia. [Essa proposta] foi
defendida inicialmente, pela direção do sindicato, mas em seguida
foi reprovada pela categoria que a
considerou insuficiente.
Folha - A Fenaban diz que a greve
está concentrada no setor público e
só existe por causa da forte militância dos funcionários do setor
público e porque há uma dissidência política no sindicato.
Marcolino - Isso não é verdade. A
greve ocorreu porque a categoria
avaliou que a proposta era insuficiente. A paralisação está forte
nos bancos públicos, mas também está forte nos bancos privados, onde a estratégia foi diferente. No setor privado, uma agência
parava num dia, funcionava no
outro e voltava a parar depois.
Mas o que houve nesse setor foi
uma forte repressão policial.
Folha - Como isso ocorreu?
Marcolino - A repressão policial
foi forte e ocorreu com os interditos proibitórios. Esse é um instrumento que está sendo conseguido
na Justiça comum, não na trabalhista. [...] Os bancos têm usado
os interditos com força policial.
Pressionam os trabalhadores dizendo que vão ser demitidos ou
que vão ter os dias parados descontados ou ameaçando com o
descomissionamento, o que significa perder 55% dos salários.
Folha - Que medidas o sindicato
está tomando?
Marcolino - Estamos entrando
em contato com os bancos. Em
caso de demissão, paramos imediatamente a agência. Também
mandamos carta ao secretário de
Segurança Pública de São Paulo.
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