São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O EMPREGADO

Para bancários, há abuso em repressão

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Claudio Marcolino, disse que os bancários tentam retomar as negociações, mas os bancos não querem renegociar sua proposta. O sindicalista afirma que os bancos estão reprimindo a greve com uso de violência policial e que ele procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para denunciar abusos. (CR)
 

Folha - O que emperra as negociações entre bancos e bancários?
Luiz Claudio Marcolino -
Na verdade, processo de negociação não foi retomado desde o dia em que entramos em greve. Solicitamos aos bancos a reabertura da negociação na semana passada.[...] Mas a Fenaban está radicalizando e não tem interesse em retomar a negociação. Queremos negociar e a outra parte não tem interesse.

Folha - As reivindicações da categoria são justas?
Marcolino -
São justas porque o bom desempenho do sistema financeiros nos últimos anos demonstra que é possível os banqueiros pagar esse aumento. Em 1994, os 11 maiores bancos tiveram lucros R$ 1,3 bilhão. Em 2003, esses mesmos bancos acumularam lucros da ordem de R$ 13,8 bilhões, o que dá um acréscimo de mais de 1.000%. Nesse mesmo período, os salários não subiram nessa proporção [levantamento do sindicato feito pelo Dieese mostra que os gastos com despesa de pessoal cresceram, nesse período, 40,6%].

Folha - A Fenaban diz que a proposta recusada pela categoria foi construída em parceria com os sindicatos. Por que ela foi rejeitada?
Marcolino -
A negociação de fato existiu. A Fenaban, na sua primeira proposta, ofereceu 6% de reajuste e rejeitamos na negociação. Na segunda proposta, foram oferecidos reajustes de 8,5% a 12,77%, que foram recusados pela assembléia. [Essa proposta] foi defendida inicialmente, pela direção do sindicato, mas em seguida foi reprovada pela categoria que a considerou insuficiente.

Folha - A Fenaban diz que a greve está concentrada no setor público e só existe por causa da forte militância dos funcionários do setor público e porque há uma dissidência política no sindicato.
Marcolino -
Isso não é verdade. A greve ocorreu porque a categoria avaliou que a proposta era insuficiente. A paralisação está forte nos bancos públicos, mas também está forte nos bancos privados, onde a estratégia foi diferente. No setor privado, uma agência parava num dia, funcionava no outro e voltava a parar depois. Mas o que houve nesse setor foi uma forte repressão policial.

Folha - Como isso ocorreu?
Marcolino -
A repressão policial foi forte e ocorreu com os interditos proibitórios. Esse é um instrumento que está sendo conseguido na Justiça comum, não na trabalhista. [...] Os bancos têm usado os interditos com força policial. Pressionam os trabalhadores dizendo que vão ser demitidos ou que vão ter os dias parados descontados ou ameaçando com o descomissionamento, o que significa perder 55% dos salários.

Folha - Que medidas o sindicato está tomando?
Marcolino -
Estamos entrando em contato com os bancos. Em caso de demissão, paramos imediatamente a agência. Também mandamos carta ao secretário de Segurança Pública de São Paulo.


Texto Anterior: O patrão: Banco diz que proposta foi conjunta
Próximo Texto: Trabalho: Indústria eleva hora extra e gera pouca vaga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.