Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O PATRÃO
Banco diz que proposta foi conjunta
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos),
Magnus Apostólico, a paralisação
dos bancários ocorreu em razão
de divergências internas entre os
sindicalistas. Ele diz que os bancos apostam numa saída negociada, mas não há condições de refazer a proposta salarial oferecida
-e rejeitada- à categoria.
(CR)
Folha - O que emperra as negociações?
Magnus Apostólico - Eu já não
sei. Porque essa proposta devia
ter sido aprovada e não foi. E não
existe uma proposta alternativa.
Folha - Por que não foi aprovada,
na sua avaliação?
Apostólico - Houve muita dissidência entre os dirigentes sindicais. Não sei se a proposta não foi
bem explicada durante a assembléia em que foi rejeitada. O fato é
que, após essa assembléia, o movimento sindical não apresenta
nenhuma alternativa. Voltar a
discutir 25% de reajuste é brincadeira. Nós não temos mais nenhuma proposta para fazer, porque a que fizemos foi construída
em conjunto com eles. A iniciativa de oferecer outras opções tem
de ser deles. Nós estamos cobrando, mas até agora nada.
Folha - As reivindicações dos bancários são justas?
Apostólico - Pedir 25% de reajuste é uma loucura. A Fenaban vem
fazendo acordos todos os anos e
negociando reajuste salarial. Não
há perda acumulada que justifique um negócio maluco desses.
Neste ano, por exemplo, com inflação de 6,6% [INPC], alguém
pensar em reajuste de 25% só pode ser maluco. Mas isso já passou.
Tanto da nossa parte como da deles já chegamos à conclusão de
que os valores são muito mais baixos e mais próximos da inflação.
Folha - Os bancos têm divulgado
que aumentaram lucratividade. Isso garante mais aumento real à categoria?
Apostólico - Os bancos têm
mantido lucratividade constante,
em torno de 15% nos últimos cinco anos... Mas isso também se reflete no pagamento da participação nos lucros aos empregados.
No ano passado, pagamos R$ 1,5
bilhão aos 400 mil empregados, o
que representou 10% dos lucros
do sistema financeiro. Cada empregado recebeu um valor que
correspondeu a 80% do salário
mais R$ 650 fixos. Neste ano, oferecemos valor fixo de R$ 705,
mais 80% do salário corrigido.
Pagaríamos 60% agora e 40% em
março. Esse valor poderia até chegar a dois salários, dependendo
da lucratividade do banco.
Folha - Há chance de um desfecho
negociado na audiência marcada
para hoje no TRT ou a greve deve ir
a julgamento?
Apostólico - Sempre defendo a
via negociada. A Justiça do Trabalho é importante, pode até ajudar
a conciliar [bancos e bancários].
Folha - Qual o impacto dessa greve para os bancos?
Apostólico - A greve incomoda o
cliente e o bancário, que se vê
constrangido, quando quer trabalhar. Ele chega à porta da agência
e encontra sem-terra, piqueteiros
profissionais e não pode entrar.
Folha - Se a greve persistir, quais
serviços deverão ser afetados nos
próximos dias?
Apostólico - Estamos preocupados com o final do mês, quando
começam os pagamentos de salários, dos benefícios da Previdência Social. A população pode ser
muito afetada se a greve seguir.
Texto Anterior: Greve foi terceirizada, diz Febraban Próximo Texto: O empregado: Para bancários, há abuso em repressão Índice
|