São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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O PATRÃO

Banco diz que proposta foi conjunta

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), Magnus Apostólico, a paralisação dos bancários ocorreu em razão de divergências internas entre os sindicalistas. Ele diz que os bancos apostam numa saída negociada, mas não há condições de refazer a proposta salarial oferecida -e rejeitada- à categoria. (CR)
 

Folha - O que emperra as negociações?
Magnus Apostólico -
Eu já não sei. Porque essa proposta devia ter sido aprovada e não foi. E não existe uma proposta alternativa.

Folha - Por que não foi aprovada, na sua avaliação?
Apostólico -
Houve muita dissidência entre os dirigentes sindicais. Não sei se a proposta não foi bem explicada durante a assembléia em que foi rejeitada. O fato é que, após essa assembléia, o movimento sindical não apresenta nenhuma alternativa. Voltar a discutir 25% de reajuste é brincadeira. Nós não temos mais nenhuma proposta para fazer, porque a que fizemos foi construída em conjunto com eles. A iniciativa de oferecer outras opções tem de ser deles. Nós estamos cobrando, mas até agora nada.

Folha - As reivindicações dos bancários são justas?
Apostólico -
Pedir 25% de reajuste é uma loucura. A Fenaban vem fazendo acordos todos os anos e negociando reajuste salarial. Não há perda acumulada que justifique um negócio maluco desses. Neste ano, por exemplo, com inflação de 6,6% [INPC], alguém pensar em reajuste de 25% só pode ser maluco. Mas isso já passou. Tanto da nossa parte como da deles já chegamos à conclusão de que os valores são muito mais baixos e mais próximos da inflação.

Folha - Os bancos têm divulgado que aumentaram lucratividade. Isso garante mais aumento real à categoria?
Apostólico -
Os bancos têm mantido lucratividade constante, em torno de 15% nos últimos cinco anos... Mas isso também se reflete no pagamento da participação nos lucros aos empregados. No ano passado, pagamos R$ 1,5 bilhão aos 400 mil empregados, o que representou 10% dos lucros do sistema financeiro. Cada empregado recebeu um valor que correspondeu a 80% do salário mais R$ 650 fixos. Neste ano, oferecemos valor fixo de R$ 705, mais 80% do salário corrigido. Pagaríamos 60% agora e 40% em março. Esse valor poderia até chegar a dois salários, dependendo da lucratividade do banco.

Folha - Há chance de um desfecho negociado na audiência marcada para hoje no TRT ou a greve deve ir a julgamento?
Apostólico -
Sempre defendo a via negociada. A Justiça do Trabalho é importante, pode até ajudar a conciliar [bancos e bancários].

Folha - Qual o impacto dessa greve para os bancos?
Apostólico -
A greve incomoda o cliente e o bancário, que se vê constrangido, quando quer trabalhar. Ele chega à porta da agência e encontra sem-terra, piqueteiros profissionais e não pode entrar.

Folha - Se a greve persistir, quais serviços deverão ser afetados nos próximos dias?
Apostólico -
Estamos preocupados com o final do mês, quando começam os pagamentos de salários, dos benefícios da Previdência Social. A população pode ser muito afetada se a greve seguir.


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