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VAREJO
Fabricantes promovem mudanças em embalagens e fórmulas e recolocam itens no mercado com reajustes até acima da inflação
Indústria relança produtos e eleva preços
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor vai ao supermercado e percebe, por exemplo, que
não há mais o sabão em pó Campeiro. Agora é o Campeiro Surf,
com nova embalagem desde maio
e mais caro que o quase homônimo. Sumiu o Lux Skincare (barra)
em 2003. No lugar há o novo Lux,
com forte ação de mídia neste ano
e outro design com "exclusiva fórmula". Em relação ao modelo antigo, está 10% mais caro hoje.
Mais mudança virá por aí. A
Nestlé está reformulando agora
algumas de suas embalagens com
o apoio de três empresas de design, apurou a Folha, assim como
a Bunge Alimentos acabou de fazer com mais de 80 embalagens.
Terreno propício para fazer reajustes de preços, o movimento de
relançamentos de mercadorias
tomou força neste ano -com a
melhora no humor da economia- e trouxe mudanças nas tabelas. Algumas o consumidor
percebe, outras nem tanto.
Dados obtidos pela Folha em
tabelas de preços de supermercados de São Paulo -antes e após o
relançamento de certas mercadorias nos últimos 12 meses- mostram que o aumento varia de 10%
a 12% na linha de limpeza e higiene e beleza, por exemplo.
É fato que aumentos podem ser
conseqüência de pressão inflacionária nos setores -resultado de
maiores custos em insumos ou
pelo ato de agregar uma nova tecnologia, cara inicialmente, ao
processo de produção. Há aumentos, porém, que superam a
inflação oficial. Segundo o IPCA,
a taxa inflacionária no país no
mesmo período (últimos 12 meses) acumula 6,81%. O IPC-Fipe
encostou nos 7,34%.
Levantamento da consultoria
ACNielsen feito a pedido da Folha mostra que os segmentos de
mercearia, higiene pessoal e limpeza tiveram mais lançamentos
ou relançamentos no primeiro semestre do ano. Não há dados só
de relançamentos. O recorde
ocorreu com biscoitos e bolachas
- 441 lançamentos em um semestre. Isso equivale a quase 2,5
lançamentos por dia. Em seguida
está o vinho, com 300 novidades.
Na marca Campeiro, por exemplo, a mudança para Campeiro
Surf ocorreu neste ano. O produto
tem "preço acessível" e "um aroma floral combinado com acordes almiscarados", diz a fabricante Unilever. Em fevereiro, três meses antes de o Surf aparecer, o
Campeiro (1 kg) custava de R$
2,99 a R$ 3,89, apurou a Folha.
Logo depois, ao chegar ao mercado paulista em maio, o novo
Campeiro Surf custava de R$ 3,39
a R$ 4,20 (valor ao consumidor).
Na semana passada, era vendido
em um encarte promocional, por
tempo limitado, a R$ 2,89.
O sabonete Lux, relançado em
2003 e fabricado pela Unilever, teve uma alta de 10% no preço de
julho de 2003 a agosto de 2004,
apurou a Folha. A inflação do setor de higiene no período foi de
6,23% (IPC-Fipe). Essa inflação é
da capital paulista. Os dados de
reajustes também referem-se a
supermercados da cidade.
Estratégia
As indústrias afirmam que os
aumentos de preços não são o
principal motivador para as ações
relançamentos. E podem ocorrer
ou não, segundo a estratégia da
empresa e a situação do mercado.
Em meados do ano passado a
Kimberly-Clark Kenko reajustou
"em menos de 10%", diz a empresa, o preço da sua nova linha de
fraldas Turma da Mônica Tripla
Proteção. Antes era dupla proteção. Em junho deste ano ela relançou outro modelo que batizou como nova geração. Mas diz que,
nesse caso, não fez reajustes.
"Queremos ganhar no volume.
O aumento de preço ocorre quando aquilo que entra de novidade
no produto custa para a empresa
mesmo", afirma Eduardo Aron,
diretor de categoria da Kimberly.
Na avaliação de Alexandre Catelam, diretor da Ipsos Novaction,
divisão do instituto de pesquisa
Ipsos, há uma necessidade urgente de inovar como parte do movimento de evolução dos produtos.
A chance de aumentar o preço
pode ser oportuna nessa hora.
"Há empresa que quer aumentar um relançamento em 15%,
20%. Dizemos que é uma decisão
delicada. O consumidor está "antenado" e vai comprar a mercadoria se a novidade valer a pena."
"Existem casos em que uma
empresa precisa fazer um aumento e o segura por meses. E quando
relança algo, pode "aproveitar" o
momento para reajustar", diz Genevieve Junqueira, diretora de
cuidados femininos da Kimberly.
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